Santa Manuel, de 14 anos de idade, faleceu no Hospital Regional de Cafunfo, vítima de um disparo efectuado por um soldado das Forças Armadas Angolanas (FAA), no bairro Gika. O fatídico acontecimento teve lugar no passado sábado.
De acordo com a testemunha André Cassule, de 32 anos, o segundo-cabo Joaquim Luís, destacado na 52.ª Brigada das FAA, começou por interpelar “um maluco que não lhe respondia”. Passados alguns minutos, o cabo foi ao encontro de um grupo de cinco jovens, incluindo o dito interlocutor, que conversavam na rua.
Nesse instante, quatro adolescentes, que tinham ido comprar bolachas, passaram pelo grupo. Entre elas estava Santa, a menina que levava consigo três pacotes de bolachas, refere a testemunha.
“O soldado tentou abordar também as crianças. O único rapaz do grupo gritou “quioco” [tchokwe]. Sem nos dar qualquer satisfação, o militar deixou-nos e começou a correr atrás das crianças a gritar “vou vos matar e nada me vai acontecer””, explica André Cassule. “Fez dois disparos e atingiu a Santa pelas costas [atingindo-a no antebraço esquerdo]”, continua.
De acordo com o testemunho de Cardoso Mateus Ugito, que se encontrava no mesmo grupo de André Cassule, o cabo das FAA encontrava-se de folga: “Não compreendo o que ele fazia na rua, de arma na mão, àquela hora.”
Num comunicado de imprensa, a delegação provincial do Ministério do Interior na província da Lunda Norte refere que tomou conhecimento da morte do menor, de 14 anos, por disparo de arma de fogo, no sábado (29.05), na vila mineira de Cafunfo, município do Cuango. A polícia angolana deteve um militar acusado de matar a tiro o adolescente, que alegadamente circulava na rua sem máscara facial contra a Covid-19.
A nota salienta que o facto ocorreu quando um suposto militar das Forças Armadas Angolanas, no âmbito do cumprimento das medidas de biossegurança contra a Covid-19, interpelou três adolescentes na via pública por não uso da máscara facial.
Segundo as autoridades, estão ainda por se apurar as razões que levaram o militar a efetuar dois disparos, que atingiu o antebraço do menor, que foi imediatamente socorrido para o hospital local, onde acabou por falecer devido à gravidade dos ferimentos.
“A pronta intervenção das forças policiais permitiu acalmar os ânimos da família e não só, bem como foi detido o suposto autor do crime que a posterior será presente ao Ministério Público, visando a sua responsabilização criminal”, descreve o documento.