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Depois de críticas de DeSantis e outros conservadores, colégio da Flórida reformula o curso de estudos afro-americanos

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O College Board divulgou, esta quarta-feira, o currículo oficial para novo curso de Estudos Afro-Americanos despojado em grande parte dos assuntos que irritarm o governador Ron De Santos e outros conservadores.

O College Board retirou do curriculum nomes de muitos escritores e estudiosos negros associados à teoria racial crítica, à experiência queer e ao feminismo negro, introduzindo ainda questões politicamente complexas a como a questão Black Lives Matter no currículo formal

Quando anunciou o curso de estudo afro-americanos, em Agosto, o College Board, uma organização pedagógica sem fins lucrativos, foi celebrado na altura por eminentes estudiosos como um passo importante para o conhecimento da altura afro-americana. Mas o curso, que destinado a alunos de diversas origens, rapidamente se tornou polémico quando as matérias acabaram por ser conhecidas por publicações conservadoras como The Florida Standard ou National Review .

Em Janeiro, o governador da Flórida, Ron DeSantis, da Flórida, que deve concorrer à presidência pelo Partido Republicano, anunciou que proibiria o currículo do curso, que estava ainda numa versão preliminar. Funcionários da Educação do estado também disseram que o curso não era historicamente preciso e violava a lei estadual que regula como as questões relacionadas com a raça são ensinadas nas escolas públicas. O ataque ao curso do College Board transformou-se em agenda política, com DeSantis a apresentar uma proposta de reformulação do curso em “conformidade ideológica”.

David Coleman, director do College Board, disse que as mudanças foram feitas por razões pedagógicas e não em consequência de qualquer cedência à pressão política. “No College Board não podemos olhar para declarações de líderes políticos”, disse ele Coleman, que acrescentou que as mudanças vieram “da contribuição dos professores” e dos “princípios de longa data” da instituição.

A decisão do College Board de tentar construir um currículo cobrindo um dos assuntos mais controversos nos Estados Unidos – a história da raça no país – pode ter gerado controvérsia. No mínimo, as discussões sobre o currículo ressaltam o facto de que os Estados Unidos são um país que não consegue criar um consenso sobre a com sua própria história, especialmente a complicada e densa história dos negros norte-americanos.

O College Board acabou por rever uma estrutura curricular de 234 páginas, em que os conteúdos sobre África, escravidão, reconstrução e o movimento pelos direitos civis permanece basicamente o mesmo relativamente à versão inicial.Mas o estudo de tópicos contemporâneos – incluindo Black Lives Matter, acção afirmativa, vida queer ou o debate sobre reparações – é quase residual ou colateral. As disciplinas não fazem mais parte do exame e estão numa lista de opções para um projecto de pesquisa obrigatório.

Os escritores e estudiosos como Kimberlé W. Crenshaw, professora de direito em Columbia, com o seu trabalho “fundamental na teoria racial crítica” foi excluída; Roderick Ferguson, um professor de Yale que escreveu sobre movimentos sociais queer, e Ta-Nehisi Coates, o escritor que defende a reparação da escravidão, também. Igualmente excluída foi Bell Hooks, que tem vindo a moldar as discussões sobre raça, feminismo e classe.

Chester E. Finn, Jr., membro sénior da Hoover Institution de Stanford, disse que o College Board, que prepara os alunos para os exames à universidade, criou uma estratégia inteligente ao não erradicar as “partes delicadas”, mas torná-las opcionais. Mas nem todos os académicos concordam com este ponto de vista.

Mais de 200 professores de estudos afro-americanos condenaram a interferência do governador DeSantis no curso através de carta publicada no Medium na terça-feira. Acusaram-no de censura e de tentar “intimidar o College Board”.

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