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Tchizé dos Santos considera que as investigações ao seu património são uma manobra de distracção para desviar a atenção do que se passa nos tribunais superiores

Após ser noticiado que a justiça angolana emitiu ofícios destinados a todos os condomínios localizados em Luanda, solicitando informação sobre eventuais imóveis registados em nome de várias empresas, sendo algumas detidas Welwitschea José dos Santos “Tchizé” e pelo seu irmão “Coreón Dú”, a empresária falou à Lusa e disse ter tido conhecimento da investigação pelas redes sociais.

A filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos, entretanto falecido, referiu também que nenhuma das suas empresas tem propriedades em Luanda e que, actualmente, não faz parte da gestão de qualquer delas.

Em causa estão a Westside Investments e Semba Comunicações, que geriam o canal 2 da Televisão Pública de Angola (TPA), até a administração da cadeia televisiva pôr fim ao contrato, em 2018, logo após a chegada ao poder de João Lourenço.

“Tchizé” dos Santos afirmou que a Westside está “praticamente sem actividade desde que o Presidente João Lourenço mandou tirar do ar” o seu canal Vida TV e lamentou estar “impossibilitada de trabalhar no mercado angolano” por ser “crítica” de Joao Lourenço.

“Nas antigas instalações da Vida TV hoje opera um novo canal e opera com grande parte dos ex-trabalhadores da Vida TV, mas sem mim. Isso explica muita coisa”, destacou “Tchizé” dos Santos, acrescentando: “Existe uma perseguição política provada à minha pessoa”.

A empresária disse ainda que as empresas e projectos que lançou “têm valor como marcas” e queixa-se de o Governo angolano ter tentado plagiar os “Prémios Angola 35 graus”, que agora são organizados de forma “sigilosa e quase clandestina” para evitar boicotes.

“Tendo vencedores e até apresentadores sido pressionados a não comparecer para receber os prémios ou apresentar a cerimónia”, declarou à Lusa, insistindo que há “uma determinação” em destruir a sua reputação e bom nome.

“Eu acho que isto é tudo uma manobra de distracção para abafar o caso dos escândalos do juiz (presidente) do Tribunal Supremo e da juíza (presidente) do Tribunal de Contas, que também leva muita gente a indagar-se sobre a lisura da juíza do Tribunal Constitucional, que deu posse sem a recontagem de votos pedida pela oposição”, sugeriu “Tchizé” dos Santos.

Questionada sobre os seus rendimentos actuais, “Tchizé” dos Santos respondeu que tem negócios na restauração e estética e que se dedica ao projeto social Tea Club, “porque o Presidente João Lourenço se encarregou de destruir tudo o resto”, tendo também casas arrendadas em Luanda “a cidadãos estrangeiros”.

Segundo “Tchizé”, o seu projecto Tea Club para micro empreendedores, com cursos de padaria e pastelaria para mulheres tem também sido boicotado, queixando-se de que os participantes chegaram a ser expulsos de um “workshop” e o recinto fechado a cadeado.

“Disseram que era por ser da Tchizé dos Santos. Isto foi dito pelo senhor administrador Tany Narciso, dirigente do Movimento Popular de Libertação de Angola [MPLA] e responsável pelo mercado onde a voluntária tinha o espaço”, lamentou a também ex-deputada do MPLA.

A filha do antigo presidente considerou que está “banida de Angola”, realçando que não consegue tratar de nada “relacionado com Angola ou repartições angolanas”, tendo tido “prejuízos brutais” em algumas actividades.

“Eu não sei o que lhe fiz para me estar a fazer esta perseguição, a não ser por ser filha de José Eduardo dos Santos. E concluo isso pelas outras pessoas que se dizem perseguidas por João Lourenço, com as quais partilho o mesmo pai!”, referiu “Tchizé”, numa alusão à irmã Isabel dos Santos, alvo de vários processos judiciais em Angola e noutras jurisdições, incluindo Portugal.

“Tchizé” dos Santos considerou igualmente “muito triste a destruição de carreiras dos melhores quadros do país por motivos políticos”, e recordou à Lusa “a perseguição toda” depois da morte do pai, “a luta pelo corpo, o funeral sórdido”, afirmando tentar “continuar a mostrar o lado belo de estar viva apenas”.

Os bens em causa

No despacho das autoridades angolanas fazem também parte o empreendimento Marina Baía Yacht Club, que a imprensa angolana aponta como estando ligado a “Tchizé”, Álvaro Sobrinho e Sílvio Alves Madaleno, a empresa Mar & Yates, além da Fraxa Service e Brefaxa & Filhos, ligadas a Bento Francisco Xavier, antigo vice-governador do Cuando Cubango e que foi ouvido também em tribunal no âmbito do “caso Lussaty”, em que o major Pedro Lussaty foi condenado a 14 anos de prisão pelos crimes de transporte de moeda para o exterior, de retenção de moeda e lavagem de capitais.

O ofício do Serviço Nacional de Recuperação de Activos (SENRA) da Procuradoria-Geral da República é datado de 16 de Fevereiro e diz que as empresas em causa são visadas no âmbito de processos de investigação patrimonial e financeira que correm trâmites na justiça.

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