Depois de pouco mais de uma semana de rápidos ganhos territoriais em todo o país, e sem enfrentar uma resistência considerável, os taliban entraram este domingo na capital do Afeganistão, Cabul. Os “estudantes de teologia” começaram por dizer que não tomariam a capital pela força, esperando antes negociar uma transição de poder “nos próximos dias”. Depois de relatos de que as forças do governo estavam a abandonar os seus postos, os taliban anunciaram que entraram em alguns locais da capital.
Porém, viram-se obrigados a tomar a cidade de Cabul, sobretudo o palácio logo após do Presidente Ashraf Ghani ter fugido do país e ter se refugiado no Tadjiquistão, temendo um massacre no país por parte do grupo dos radicais islâmicos.
Os afegãos com medo do que possa acontecer depois destes acontecimentos repentinos e a tomada de poder brusca por parte do grupo radical que têm causado vários estragos e traumas nos cidadãos daquele país pela sua violência, os afegãos invadiram o aeroporto na tentativa de fuga para salvar as suas vidas, mas no entanto, devido as enormes confusões e enchentes, várias pessoas acabaram por perder a vida nesse processo da luta pela sobrevivência.
Pelo que, a parlamentar Farzana Kochai, descreveu ao BBC News, o temor que os cidadãos estavam a viver em Cabul, cidade capital do Afeganistão explicando que as pessoas estavam visivelmente assustadas.
“Não sei como medir o medo que eles têm em seus corações, cada um deles. Eles enfrentam uma situação que não podem acreditar que está acontecendo e eles pense: ‘Para onde vamos, o que fazer?’. Explicou a parlamentar afegã
“Todos estão enfrentando [o mesmo] e aqui eles pensam ‘podemos perder nossas vidas’ agora, porque ninguém está no comando do que está acontecendo”. Acrescentou ela.
Entretanto, o porta-voz do Taleban disse que o grupo militante está a trabalhar para formar um novo governo no Afeganistão, mas no entanto, assegurou que não estão ai para guerrear, mas para proteger e lutar para o seu país, afirmando que o grupo ordenou mais uma vez a seus combatentes que deixassem os civis afegãos em paz, já que busca apresentar uma face moderada à população local.
“Asseguramos ao povo do Afeganistão, especialmente na cidade de Cabul, que suas propriedades, suas vidas estão seguras – não haverá vingança para ninguém”, disse Suhail Shaheen em declarações ao BBC ao vivo
Face à este clima, a maioria dos países que tem as suas embaixadas e consulados no Afeganistão estão a encerrar e retirar os seus cidadãos naquele país devido o caos que se instalou desde domingo, após os terroristas terem assumido o poder 20 depois do ataque militar aos Estados Unidos como é o caso do Reino Unido que prometeram fazer de tudo para que os ingleses voltassem ao seu país.
O secretário de defesa do Reino Unido, Ben Wallace, disse que recebeu garantias da liderança militar do Taliban, por meio de um país do Oriente Médio, de que o aeroporto teria permissão para funcionar, permitindo que autoridades e forças do Reino Unido ajudassem as pessoas a partir, acrescentando que cerca de 300 portadores de passaportes britânicos deixaram o Afeganistão no domingo, mas que o governo planeia transportar mais 1.500 pessoas nas próximas 24 a 36 horas ou um pouco mais.
“Se conseguirmos mantê-lo da maneira que planeamos, devemos ter capacidade para mais 1.000 pessoas por dia saírem para o Reino Unido”, disse ele.
“Atualmente, não se trata de capacidade em aviões, mas de velocidade de processamento, por isso estou tentando consertar isso.”
Porém, dada a dificuldade e o cenário de susto e temor que reside actualmente entre os afegãos, Ben Wallace, admitiu que “algumas pessoas não vão voltar” do Afeganistão enquanto uma luta desesperada para tirar cidadãos do Reino Unido e aliados locais do país continua.
“É uma parte muito profunda de arrependimento para mim … olhe, algumas pessoas não vão voltar. Algumas pessoas não vão voltar e teremos que fazer o nosso melhor em terceiros países para processar essas pessoas.”
Por outro lado, a Alemanha também decidiu retirar os seus cidadãos do Afeganistão e fechar os seus escritórios diplomáticos naquele país.
Entretanto, a chanceler alemã, Ângela Merkel, aponta problemas políticos internos dos EUA como um dos motivos para a retirada das tropas ocidentais do Afeganistão, afirmando que entende que o país islâmico tem passado por tempos difíceis, mas que por agora a prioridade é a missão de resgate.
Para além dos países acima mencionados, a Itália, Dinamarca, Espanha e Suécia também fizeram o mesmo. Pelo que a Finlândia, Suíça e Espanha anunciaram igualmente que as suas equipas no terreno, intérpretes e outros afegãos que trabalhavam nas embaixadas também serão evacuados, mas no entanto a China e a Rússia não se pronunciaram quanto ao encerramento das suas embaixadas naquele país, tão pouco a repatriação dos seus cidadãos
Face à este clima de tensão o Presidente norte-americano, Joe Biden, decidiu reforçar com mil soldados o contingente de cinco mil militares responsáveis pela segurança do aeroporto militar de Cabul, de onde serão retiradas.
Recorde-se que A invasão do Afeganistão, liderada pelos americanos, teve início em 7 de outubro de 2001, à revelia das Nações Unidas, que não autorizaram a invasão do país. O objetivo declarado da invasão era encontrar Osama bin Laden e outros líderes da Al-Qaeda, destruir toda a organização e remover do poder o regime talibã, que alegadamente dera apoio a Bin Laden.
A invasão marcou o início da guerra contra o terrorismo, declarada pelo governo Bush, após os atentados de 11 de setembro. A Aliança do Norte – grupo armado adversário dos talibãs – forneceu a maior parte das forças terrestres, enquanto os Estados Unidos e a OTAN ofereceram, na fase inicial, o apoio tático, aéreo e logístico. Na segunda fase, após a recaptura de Cabul, as tropas ocidentais aumentaram a sua presença a nível local.
Nos EUA, a guerra é também conhecida pelo nome militar de “Operação Liberdade Duradoura”. Segundo a “Doutrina Bush”, não havia distinção entre a Al-Qaeda e as nações que a abrigavam.