“Num país em que seguramente mais de 90% da população é constituída por pretos, proibir jovens pretos de usarem o seu próprio cabelo é discriminação racial, uma forma de apartheid que afeta os discriminados, mas toda a sociedade”, disse Luzia Moniz.
Para a activista e socióloga a solução para este problema passa por pressionar os políticos (poder e oposição) “no sentido da mudança dessas normas fascistas”.
“Se necessário recorrendo a instâncias regionais e internacionais como a SADC [Comunidade de Desenvolvimento de Países da África Austral], a União Africana ou o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos”, observou.
Algumas escolas têm barrado o acesso a alunos que usam o cabelo crespo ou penteados compridos, no caso dos rapazes, o que levou o Ministério da Educação a intervir, orientando as direções dos estabelecimentos de ensino a “respeitar a diferença”.
Sobre o comunicado do Ministério da Educação emitido relativamente ao assunto, Luzia Moniz é de opinião que o “ministério teve uma não reação”.
“Mais valia ter ficado calado. Isso deve-se, objectivamente, ao facto de ser liderado por alguém que faz parte do “lobby” do ensino privado, onde esse comportamento fascista é mais acentuado. Seria interessante saber que normas funcionam nas escolas da titular da pasta, que vive num conflito de interesse escandaloso”, declarou a socióloga.