O processo de privatização da Sociedade Gestora de Aeroportos (SGA) angolana começa no último trimestre deste ano, após “sedimentação das contas e da estratégia de rentabilização” da empresa, anunciou esta quarta-feira o IGAPE sem avançar estimativas de arrecadação de verbas.
“Estamos a apontar o início do processo [de privatização] para o quarto trimestre deste ano, porque há uma série de acções precedentes, nomeadamente relativas às contas, à estratégia de rentabilização de cada um dos aeroportos que tem de estar sedimentada antes de se chamar os concorrentes para a licitação”, afirmou Patrício Vilar.
O presidente conselho de administração do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), que falava após se reunir quase cinco horas com a direção da SGA, disse que as acções para a privatização da empresa “estão no caminho certo”.
Segundo o responsável, o acompanhamento às empresas do setor empresarial público e o estágio da SGA, empresa gestora de aeroportos, aeródromos e o ecossistema afim, que consta do Programa de Privatizações (ProPriv) foram os propósitos da visita à instituição.
“Quando estamos a falar numa estratégia de privatização temos que incluir todas as questões que vão determinar o valor e a expectativa de valor dessa empresa, por isso a reunião com a empresa foi mais demorada”, justificou.
“Mas, saímos daqui com a certeza de estarmos no caminho certo e estamos a fazer um trabalho meritório entre várias equipas”, salientou.
Vilar deu a conhecer também que as ações para a privatização da SGA “têm uma interligação muito grande” com a TAAG, transportadora área angolana, porque “não é possível uma gestão aeroportuária sem contar com a estratégia da TAAG”.
Questionado sobre as expectativas do IGAPE em termos de arrecadação de receitas com esta privatização, Patrício Vilar optou por deixar para segundo plano o volume financeiro que daí pode resultar, sinalizando a necessidade da “recuperação e viabilização” da SGA.
“Porque para nós, mais importante do que arrecadar é viabilizar as empresas e quando a gente já tem neste momento sobre si o peso de alguns passivos, penso que o mais importante é garantirmos a recuperação e a viabilização da empresa do que arrecadar valores”, respondeu à Lusa.
Incorporar o parceiro tecnológico e de indústria “certo de gestão de aeroportos”, que “possa vir a ajudar a sedimentar esta estratégia” é, para o presidente do IGAPE, o maior desafio do processo de privatização.
“Neste momento a nossa expectativa de valores não é o que se coloca, mas sim é uma expectativa de que amanhã haja uma a ctividade aeroportuária em Angola que permita que o país seja um ‘hub’ aeroportuário e este é o desafio em que temos todos de trabalhar”, apontou Patrício Vilar, que assegurou, ainda que a privatização da SGA não inscreve a redução de postos de trabalho, mas a melhoria da sua rentabilidade.
“A questão dos postos de trabalho é sempre uma questão mal colocada, porque o problema não é o número de postos de trabalho, o problema é a produtividade dos postos de trabalho”, disse o presidente do IGAPE.
O presidente do conselho de administração da SGA, Mário Miguel Domingues considerou que a privatização da empresa vai concorrer para a melhoria do desempenho “que vai permitir que se potencie mais ‘know how’ para a actividade que se pretende”.
“Neste momento, precisamos de ‘know how’ e mais algum aporte financeiro e precisamos de privatizar a empresa para granjear operadores internacionais para melhorar a performance e a eficiência da empresa”, disse Mário Miguel Domingues.
Recordou igualmente que a Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, em Luanda, foi certificado em finais de 2022 e que este ano a SGA, com recurso ao financiamento da banca, deve certificar igualmente o aeroporto da Catumbula, província de Benguela.