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A Caixa Geral de Depósitos (CGD), o banco público português, que detém 51% do Banco Caixa Geral de Angola (BCGA), não tem qualquer intenção de reforçar a sua participação, de acordo com informação prestada à imprensa portuguesa, e isto numa altura em que a Sonangol pretende alienar a sua participação de 25% no BCGA, o que deverá acontecer através de uma Oferta Pública Inicial (Initial Public Offering/IPO).
Chegou a ser ponderada a possibilidade de a venda da participação da Sonangol ser realizada por concurso público, mas a opção final acabou por ser a oferta pública inicial, o que fará com que os 25% fiquem mais dispersos.
Do banco com participação do banco estatal português fazem parte dois empresários angolanos, António Mosquito, que esteve na Global Media e Soares da Costa, com 12%; Jaime Freitas, com ligações em Portugal ao grupo de retalho automóvel MCoutinho e que esteve ligado ao BNI Europa, e que detém também 12%.
Entretanto, em entrevista concedida durante a conferência ‘Bloomberg Invest: Focus on Africa’, a ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, disse que a principal empresa angolana “ainda está num momento complexo” e salientou que o processo de reestruturação demora tempo.
“Ainda estamos num momento complexo na Sonangol, está num processo de reestruturação, daqui a um ano ou ano e meio estaremos mais confortáveis para avançar com a due dilligence e depois vender uma posição minoritária”, disse a governante, quando questionada pela Bloomberg sobre o andamento do processo, acrescentou que “ainda não há uma data fixa para o IPO daqui a 12 ou 18 meses é uma perspectiva objectiva, mas depende da rapidez com que avancemos relativamente aos ativos que a Sonangol está a privatizar, e outros activos que está a recuperar e que precisam de estar nas contas”, explicou a governante.
Em termos de execução financeira, o valor contratualizado totaliza cerca de 850,1 mil milhões de kwanzas, sendo o valor recebido 469,6 mil milhões de kwanzas e por receber 380,5 mil milhões de kwanzas.
Na mesma entrevista, questionada sobre África, Vera Daves de Sousa deixou ainda uma nota sobre a revisão da previsão de crescimento do PIB angolano para este ano que foi de 2,7% “considerando o mesmo ritmo de 1,14 milhões de barris de petróleo por dia e um preço a rondar os 100 dólares”.
Angola saiu da recessão que durava desde 2016 no ano passado, registando um crescimento de 0,7%, e previa aprofundar a recuperação, com uma expansão económica de 2,4% este ano.
Na entrevista concedida durante a conferência ‘Bloomberg Invest: Focus on Africa’, a ministra das Finanças foi também questionada sobre a possibilidade de Angola aumentar as exportações de petróleo e gás para a Europa, compensando a quebra nas vendas à Rússia.
“Sim, temos a vontade política e abertura para o fazer, mas precisamos de muito trabalho de casa para conseguir dar resposta a essa necessidade da União Europeia”, respondeu Vera Daves de Sousa, salientando que entre o investimento e o retorno passam anos.
Fonte: Jornal de Negócios