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Os níveis de aceitação de João Lourenço nos meios urbanos são mais baixos dos que eram associados a José Eduardo dos Santos

Não é normal que as angolanas e os angolanos tenham conhecimento de que o Presidente da República não presidiu à abertura do ano judicial, um dever que a Constituição consagra, através de uma entrevista que o Presidente da República deu à RFI, a propósito da visita a Luanda do presidente francês, Emmanuel Macron.

Também porque o Supremo Tribunal emitiu um comunicado em que dizia que a abertura do ano judicial tinha sido adiada para data a indicar oportunamente.

Há, evidente, uma enorme confusão no que tem a ver com a estratégia de comunicação da Presidência, seria expectável que o Palácio da Cidade Alta publicasse um comunicado, usando, eventualmente a página do Facebook, como tem usado noutras circunstâncias e usou recentemente no caso da juíza-presidente do Tribunal de Contas, para dizer isso mesmo, não deixando a uma entrevista a comunicação de uma (não) acção, que é institucional. É incompreensível.

E se há coisa que o caso Exalgina Gâmboa transmitiu foi a da importância de uma comunicação clara por parte do Presidente da República, clara e esclarecedora para a opinião pública, que percebeu que para João Lourenço, a certa altura, se tornou evidente como teria de se posicionar para defender, até, a dignidade da Justiça angolana. Um gesto que só pode ser bem interpretado e valorizado.

Mas que é insuficiente para ter uma opinião pública favorável. De acordo com o África Monitor, “os actuais níveis de aceitação popular de João Lourenço, em especial no meios urbanos, são considerados “mais baixos” do que aqueles que eram geralmente associados ao seu antecessor, José Eduardo dos Santos, na fase final do seu mandato; estima-se, também, que a sua taxa de popularidade seja presentemente inferior à do seu próprio partido, o MPLA”.

A Camunda News não tem dados empíricos ou científicos que possam comprovar isto mesmo, mas a questão da percepção é essencial, e há, efectivamente, a ideia crescente de que o Presidente João Lourenço não foi a escolha certa para suceder a José Eduardo dos Santos.

Seja como for, e estados de alma à parte, a verdade é que erosão do MPLA, há praticamente 48 anos no poder, está a atingir fortemente o seu líder.

Na entrevista ao Jornal de Negócios, foi perguntado a Adalberto Costa Júnior: “O Governo está pior do que antes das eleições?”, a que o líder da UNITA, respondeu: “No que diz respeito às liberdades e aos direitos humanos é um escândalo. Logo que as eleições terminaram fomos alvo de uma campanha de ameaças, em casa, nos carros. E existiram agressões físicas a senhoras com bisturis e estiletes, pessoas que hoje estão fora de Angola. Quando uma eleição ocorre e o partido que ganha não festeja porque a população não o permitiu e depois ainda agride a sociedade, estes cenários não indiciam uma pluralidade em termos de sociedade”.

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