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O Presidente da UNITA volta a dizer que não saiu à rua no pós-eleições para evitar banho de sangue

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O presidente da UNITA foi entrevistado em Lisboa para o semanário Sol e a abrir a entrevista começou por falar das dificuldades que encontrou enquanto líder do Galo Negro, diz que essas dificuldades têm vindo mais de fora do que dentro – referindo-se à anulação do XIII Congresso Ordinário da UNITA que o elegeu pela primeira vez em Novembro de 2019 – para acrescentar que “a decisão de anular o congresso de um partido político legalizado só acontece porque os tribunais em Angola não são independentes – esse é um dos grandes desafios para o futuro”, disse ainda que “essa decisão foi também um ataque à democracia e provocou grande impacto na sociedade. Não foi a UNITA que lutou contra a deliberação do Tribuna Constitucional, foi o cidadão comum e toda a intelectualidade angolana.”

Depois disse que “desde 2019 os serviços de inteligência do Governo travam um combate diário contra o líder do partido”, ou seja, contra ele próprio.

A falta de pluralidade no país foi também assunto de conversa, nomeadamente o papel dos órgãos de comunicação social do Estado e agora ainda mais através de um rede de rádios que proliferam por todo o país para transmitir a mensagem do partido do poder.

“A falta de liberdade da comunicação social é um drama”, disse Costa Júnior, no entanto, diz também que essa falta de liberdade de opinião e de expressão acabou por prejudicar o partido do poder, o MPLA, porque o o eleitorado fez “a rejeição de um regime fechado, que não aceita fazer reformas”.

No passo seguinte diz: “Nem eu, nem o partido reconhecemos a vitória do MPLA, porque sabemos que a UNITA teve mais votos. Escutámos as pessoas em todo o país. A sociedade queria que tomássemos conta das instituições, mas não quisemos o caos”.

Adalberto Costa Júnior diz ainda que a UNITA teve uma vitória esmagadora em Luanda, mais de 80% dos votos, e que venceu ainda em Benguela – Lobito, Cabinda e Zaire. E insiste que a UNITA obteve 94% das actas eleitorais de todo o país que provam isso mesmo, e acusa o Tribunal Constitucional de “não se deu ao trabalho de verificar as provas apresentadas pela UNITA”.

“Houve grande pressão no sentido de declarar levantamentos em todo o país. Naquele momento entendemos que não era a situação desejável., mas se o presidente da UNITA desse voz de levantamento teria sido um desastre muito grande, muito pior do que aconteceu recentemente no Brasil. Mesmo depois de ter declarado vitória, o regime estava assustado e tinha vindo para a rua com o seu aparato bélico para fazer um banho de sangue. Infelizmente há muita gente em Angola que pensa que este regime só pode ser derrotado pela violência, nós não pensamos assim”, disse o presidente da UNITA ao semanário português.

Para acrescentar que “é necessário muita resiliência para evitar o caos. O exemplo do Brasil veio dar-nos razão”

A entrevista na íntegra aqui.

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