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O peixe não chega a terra porque os pescadores são assaltados no mar

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Para estes pescadores artesanais ir à pesca traduz-se, nos últimos tempos, em risco de vida, em consequência dos assaltos que dizem sofrer em alto mar. Muitos já resultaram em mortes dos pescadores.

“No princípio, no mar, em 24 horas, não tínhamos problemas nenhum, agora é que estamos a ver homens diferentes, com máscaras diferentes no mar, estamos a ver assaltos no mar”, contou Adão Domingos Pedro.

O pescador, de 43 anos, não esconde o receio de perder a vida e assume que os assaltos em alto mar constituem hoje o principal risco.

“Antigamente não trabalhávamos com essa preocupação. Trabalhávamos livremente e não tínhamos essa dificuldade de assaltos a mão armada”, disse Adão Domingos Pedro que faz da pesca o seu modo de vida há 26 anos.

A reduzida captura, que se regista desde os últimos meses, constitui outra preocupação dos pescadores da conhecida zona da salga, da Ilha de Luanda, distrito urbano da Ingombota.

Atum, carapinha, marionga, lambula (sardinha), quimbumbu, peixe-galo, malesso compõem a variedade de peixe capturado nestas águas e que preenchem as mais de duas dezenas de lanchas artesanais que atracam na zona desde as primeiras horas do dia, mas nos últimos meses a pescaria não tem sido a mesma, falta pescado, queixam-se os pescadores, que também tiveram meses parados, por causa da pandemia.

“No mar tem dificuldades devido ao pessoal que vai ao mar ameaçar os pescadores. Na embarcação em que trabalhei no ano passado os meus colegas foram assaltados, eram 15 jovens e vierem armados e tiraram 15 caixas de peixes”, contou outro pescador, Bernardo Francisco de Jesus, de 39 anos.

Segundo o pescador, as autoridades administrativas e de segurança marítima estão a par do aumento de assaltos que se verificam no mar, e “reforçaram a fiscalização”, mas o assaltos continuam.

Há mais de três décadas na pesca, Manuel Chiongue, 51 anos, também lamentou a insegurança, considerando que os assaltos acontecem principalmente na zona norte, onde abundam enormes cardumes.

“Estamos no tempo de frio e a pesca diminuiu um pouco. Temos sítios, no norte, em que, às vezes, pescamos, mas nesses dias não passamos lá devido aos marginais que entraram no mar”, disse Chiongue.

Para pescar na zona norte, prosseguiu, é necessária uma aglomeração de dezenas de lanchas – entre 40 ou 50 – para inibir os marginais.

Apesar das preocupações com os roubos e com a retoma da captura em quantidades aceitáveis, a procura pelo peixe na zona da salga é grande, uma actividade dominada pelas mulheres, as conhecidas “zungueiras” que adquirem o peixe para vender a retalho.

O preço de uma caixa de peixe varia entre 3.000 kwanzas e 7.000 kwanzas, dependendo do tamanho, enquanto no retalho o preço vai dos 2.500 kwanzas aos 5.000 kwanzas em função do tamanho.

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