Economia

“O governo está a morder os empresários pelas bordas”, diz Rubens Ometto

O controlador do grupo Cosan criticou as medidas tributárias que visam ampliar a arrecadação fiscal. Ometto começou por destacar alguns dos sucessos econômicos do Brasil, mas rapidamente direcionou o foco para os problemas que enxerga na gestão atual. “Controlamos a inflação, temos um grande superávit comercial, mas não quero falar do copo meio cheio. Quero falar do que está errado”, afirmou, estabelecendo um tom crítico às suas observações.

Relativamente ao arcabouço fiscal apresentado pelo ministro Haddad, Ometto foi categórico: “Desde o começo, não acreditei neste arcabouço fiscal. Ele reflete a visão de alguém que quer fazer o governo gastar – e não reduzir a despesa pública”. O empresário argumentou que as normas fiscais implementadas têm o objetivo de aumentar a arrecadação, muitas vezes às custas da eficiência do setor privado. “O governo federal está a morder pelas bordas. Estão a mudar as normas para arrecadar mais. Estão preocupados em morder – e estão a fazer isso”, criticou. Defendendo a importância do setor privado na economia, Ometto declarou: “O dinheiro nas mãos da iniciativa privada é mais eficiente do que nas mãos do governo”.

“Mauá dos tempos modernos”

Durante o evento, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, elogiou Ometto, comparando-o ao Barão de Mauá, um dos maiores empreendedores da história do Brasil. “Ometto é o ‘Barão de Mauá’ dos tempos modernos, com uma diferença: Mauá quebrou e Ometto não vai quebrar”, afirmou Tarcísio, destacando a resiliência e sucesso do empresário.

As críticas de Ometto inserem-se num contexto de crescente tensão entre o governo e o setor industrial. Nesta semana, uma medida provisória impôs restrições à compensação de créditos de PIS/Cofins, gerando forte reação de entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que prometeu entrar na Justiça contra a MP. O ministro Haddad defendeu a medida, argumentando que visa corrigir um gasto tributário que cresceu desproporcionalmente e acabar com o que ele descreveu como “subvenção disfarçada”.

“Temos de controlar os gastos e recuperar o que foi perdido de receita. Se isso ainda fosse em proveito de quem mais precisa… Mas não, foi em proveito dos campeões nacionais que não precisam de subvenção do Estado”, afirmou Haddad, enfatizando a necessidade de políticas fiscais mais justas e sustentáveis.

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