Ex-BESA ameaça contas do Novo Banco
O antigo Banco Espírito Santo Angola (BESA), hoje Banco Económico, falhou o prazo para a liquidação de parte de um dos empréstimos que recebeu do Novo Banco em 2014, no âmbito das medidas de saneamento que Angola implementou após a resolução do BES, escreve o Expresso. E este é um dos créditos do banco português que está protegido pelo mecanismo que pode obrigar a capitalizações do Fundo de Resolução.
O Banco Económico, de que o Novo Banco tem 9,7% do capital, devia ter pago 20% do crédito de 425 milhões de dólares (358 milhões, ao câmbio atual) que contratou há seis anos, ou seja, 85 milhões de dólares (72 milhões), até ao final do passado mês de Outubro. Fontes contactadas pelo semanário português garantem que a quantia não foi paga.
O Banco Económico que tem a Sonangol como principal acionista, adiantou ao jornal português que "foram liquidadas todas as prestações de juros sem incidentes reportados e está em pipeline o pagamento da primeira prestação do capital, mais juros, de cerca de 90 milhões de dólares, que, por razões administrativas, serão apenas liquidados no decurso desta semana". Já o Novo Banco não quis fazer comentários.
Este foi um empréstimo constituído em 2014, reaproveitando, parcialmente, uma parte da linha de crédito de 3,4 mil milhões que o BES tinha para o BESA (e que foi transferida, na resolução de Agosto daquele ano, para o Novo Banco), por determinação do regulador angolano, o Banco Nacional de Angola (BNA).
Ao Expresso uma fonte do BNA disse que "o Banco Económico ficou com a obrigação de pagar e deveria já ter liquidado a prestação ¬anual que venceu em outubro".
"A situação de liquidez do Banco Económico é conhecida, o Novo Banco é acionista do Banco Económico e está por dentro das limitações, mas temos a indicação de que o pagamento será honrado", acrescenta ainda a fonte do regulador angolano.
No relatório e contas de 2018 (não está disponível o documento referente ao último ano), o Banco Económico salienta ainda, em relação a este empréstimo subordinado, "a possibilidade de conversão futura em capital social, até ao final do prazo de reembolso, desde que a participação do titular do empréstimo se mantenha abaixo dos 19,99%". Sobre este tema, o banco liderado por António Ramalho também não fez comentários. Lemos ainda na mesma notícia.
Desde 2017, quando o Novo Banco passou para a esfera do grupo americano Lone Star, a exposição ao Banco Económico deixou de ser referida nos relatórios e contas. Até aí, surgia identificada e explicada como "aplicação em instituição de crédito no estrangeiro", rubrica em que, em 2019, o nível de perdas por imparidades reconhecido era de 77 milhões.