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"Porque que Ă© que tenho de ser a Ășnica a renunciar?", perguntou Exalgina GĂąmboa a João Lourenço. E Joel Leonardo deve fazer-lhe companhia

Exalgina GĂąmboa resistiu atĂ© onde pode à avalanche que a esmagava, e pediu mesmo ajuda à primeira-dama, que não a recebeu.

Por Cisola Silva Pontes em 07/03/2023 às 07:34:12
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A juiz-presidente do Tribunal de Contas, numa clara dissociação com a realidade, falta de que os filhos também partilham, agarrou-se com unhas e dentes ao cargo e ao enriquecimento ilĂ­cito, e até pediu ajuda a Ana Dias Lourenço, depois de o Presidente da RepĂșblica lhe ter indicado a porta de saĂ­da e ter pedido que os bens da juĂ­za fossem confiscados.

O caso de Exalgina GĂąmboa, e sem querer diabolizar a juĂ­za que fez mais carreira no MPLA do que na magistratura, é paradigmĂĄtico de comportamento interiorizado pela elite, em que os bens pĂșblicos passam a privados sem qualquer pudor. Quando confrontados com essa atitude, procuram na teia de relações construĂ­das ao longo de anos a protecção que sabem que a lei não lhes dĂĄ.

Mais do que impunidade, hĂĄ uma certa desresponsabilização e infantilização dos actores polĂ­ticos, administrativos e judiciais, que procuram no "pai" – o Presidente da RepĂșblica, no caso João Lourenço - protecção e aceitação, e, no limite, uma qualquer reprimenda, e fica tudo por aĂ­.

Sendo que esta ideia de "pai" que a todos protege, é uma ideia disseminada pelo MPLA e pelos órgãos de comunicação pĂșblicos, ou seja, faz parte da narrativa oficial. A nosso ver, errada, e devia ser corrigido, para que qualquer cidadão se sentisse verdadeiramente responsabilizado pelos seus actos, desde os que roubam cobre nos postos de electricidade pĂșblica aos que juĂ­zes que presidem às instituições supremas do poder judicial.

O Jornal de Negócios revela que Exalgina GĂąmboa, e depois de ter sido repreendida pelo "pai", dada a avidez no uso de dinheiro pĂșblicos, recorreu à "mãe", a Ana Dias Lourenço, a quem pediu para interceder por ela para que se pudesse manter em funções. Foi um pedido inĂștil.

Como escreve o jornal "é um caso que expõe os graves problemas que existem na justiça angolana assim como a existĂȘncia de um clima de impunidade e de aproveitamento de uma situação de privilégio que potencia a prĂĄtica de crimes semelhantes àqueles que é acusada a ex-lĂ­der do TC".

Num altura em que estava a ser investigada pela Procuradoria-Geral da RepĂșblica, Exalgina GĂąmboa, e sem noção do cargo que ocupava e da responsabilidade inerente acrescida, fez tudo para se manter no cargo, e foi disso mesmo que tentou convencer o Presidente da RepĂșblica, que, e desta vez, não se deixou convencer, ainda assim, e na reunião que teve com João Lourenço no PalĂĄcio da Cidade Alta, GĂąmboa terĂĄ questionado o Presidente: "Porque tenho de ser a Ășnica a renunciar?"

Conta o jornal portuguĂȘs que a pergunta irritou profundamente o chefe de Estado que abandonou a sala.

Sem desistir, GĂąmboa terĂĄ procurado a primeira-dama para pedir ajuda, mas Ana Dias Lourenço nem sequer a recebeu, mandou recado de que nada podia fazer por ela.

Entretanto, o Presidente da RepĂșblica de tão irritado terĂĄ dado indicações para que fossem confiscados os bens da juĂ­za, e entre eles a moradia decorada com os quatro milhões de dólares retirados dos cofres do Tribunal de Contas. E como podemos ver, o poder tentacular do Presidente da RepĂșblica estende-se mesmo à PGR.

A Camunda News tem acompanhado este assunto com particular interesse e sabemos o que aconteceu a seguir, sem respaldo superior, Exalgina GĂąmboa, e pressionada publicamente, acabou mesmo por renunciar ao cargo e dar conhecimento disso mesmo ao Conselho Superior da Magistratura Judicial, a 1 de Março, um dia depois de ter sido constituĂ­da arguida pela PGR por crimes de extorsão, peculato e corrupção, num processo de que faz parte o filho Hailé Vicente da Cruz.

O jornal portuguĂȘs adianta que Joel Leonardo também deverĂĄ apresentar a sua renĂșncia ao cargo.

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