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(notícia actualizada)
Os Estados Unidos detectaram o que dizem ser um balão de vigilância chinês a pairar sobre o noroeste dos Estados Unidos, informou o Pentágono esta quinta-feira, uma descoberta que ocorre dias antes da visita do secretário de Estado, Antony J. Blinken, a Pequim.
O Presidente Biden optou, por enquanto, por não abater o balão após uma recomendação de funcionários do Pentágono de que, ao fazê-lo, haveria o risco de destroços atingirem pessoas no solo, de acordo com um alto funcionário da defesa que não estava autorizado a falar publicamente.
Entretanto, Pequim, através do Ministério das Relações Exteriores, já veio dizer que o balão é um 'dirigível civil', de pesquisa civil ligada à meteorologia, que se desviou da rota prevista.
Pequim disse que o objecto, que foi visto a sobrevoar o Montana, é usado principalmente para pesquisas meteorológicas. Não ficou imediatamente claro se a explicação convenceu os Estados Unidos.
A decisão de divulgar a descoberta parece colocar a China em alerta antes da visita de Blinken a Pequim - a primeira de um secretário de Estado americano em seis anos - durante a qual ele deve se encontrar com o presidente Xi Jinping.
A aparição repentina do balão certamente aumentará as tensões já crescentes entre os dois países, que são, também duas super potências em diversos aspectos, entre o comercial e o militar.
O norte-americano funcionário adiantou, que embora não tenha sido a primeira vez que a China enviou balões de espionagem aos Estados Unidos, este parece permanecer no país há mais tempo. Ainda assim, um alto funcionário do governo norte-americano que falou sob condição de anonimato disse que o balão não representa uma ameaça militar ou física e acrescentou que tem valor limitado na recolha de informações. Outro oficial de defesa disse que o Pentágono não achava que o balão agregasse muito valor ao que a China poderia obter por meio de imagens de satélite.
Autoridades do Pentágono disseram que o balão viajou da China para as Ilhas Aleutas, no Alasca, e foi através do noroeste do Canadá que entrou, nos últimos dias, nos Estados Unidos, sendo avistado no Montana, onde pairava na quarta-feira.
O Departamento de Defesa Nacional do Canadá disse num breve comunicado, também esta quinta-feira, que os movimentos de um balão de vigilância de alta altitude estavam sendo "rasteados activamente" pelo Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte, que faz parte da parceria militar EUA-Canadá. Acrescentou que as agências de inteligência/informação do país estão a trabalhar com parceiros americanos para "tomar todas as medidas necessárias para proteger as informações confidenciais do Canadá contra ameaças de inteligência estrangeira".
"Os canadianos estão seguros e o Canadá está a tomar medidas para garantir a segurança de seu espaço aéreo, incluindo o monitoramento de um possível segundo incidente", disse o comunicado, sem dar mais detalhes.
O Departamento de Defesa Nacional dos Estados Unidos também o que significa um "possível segundo acidente", sabe-se, no entanto, que o Montana é o estado onde está a 341ª Ala de Mísseis na Base Aérea de Malmstrom, uma das três bases da Força Aérea Americana que operam e mantêm mísseis balísticos intercontinentais.
O Pentágono enviou caças F-22 para rastrear o balão na quarta-feira, fazendo com que os voos fossem temporariamente suspensos no aeroporto de Billings, disse o alto funcionário da defesa, mas decidiu não abater o balão.
O secretário de Defesa Lloyd J. Austin convocou uma reunião de altos funcionários militares e de defesa na quarta-feira para discutir como lidar com a situação, disseram ainda as autoridades norte-americanas.
Altos funcionários do governo Biden ligaram para seus colegas chineses, usando vários canais, e transmitiram a seriedade da questão, disse o Pentágono.
A China tem vários satélites que orbitam a cerca de 300 milhas acima da Terra. Como os satélites espiões americanos, os satélites chineses podem tirar fotos ou monitorar lançamentos de armas. Ambos os países têm um histórico de espionagem mútuo.