Adalberto Costa Júnior, presidente da UNITA
Em relação à imprensa e aos órgãos de segurança e inteligência do Estado, que têm sido citados como estando ao serviço do MPLA, Adalberto Costa Júnior referiu que na paz democrática, a imprensa, sobretudo pública, deve ser politicamente isenta e apartidária.
“Os serviços de inteligência não devem servir os partidos políticos que governam, devem ser órgãos de todos, estarem ao serviço de todos e não se confundirem com o partido político onde milita o Presidente da República”, declarou Adalberto Costa Júnior, para quem também o chefe de Estado “deve exercer a uma magistratura activa e isenta em benefício de todos e “não se remeter ao silêncio conivente perante os assassinatos políticos de cidadãos” alheios ao seu partido.
Durante o seu discurso de pouco mais de 12 minutos, Adalberto Costa Júnior prestou uma homenagem a todos que “deram suas vidas pela liberdade e pela paz em Angola”, bem como a Jonas Savimbi, fundador da UNITA, e a José Eduardo dos Santos, antigo chefe de Estado angolano, por terem ambos assinado os Acordos Bicesse, em 1991, um acto que alterou o regime político do país, permitindo o multipartidarismo e a realização de eleições em Angola.
A situação da província de Cabinda não passou ao lado de Adalberto Costa Júnior. O líder da UNITA lamentou que Luanda e o resto do país esteja a celebrar a paz, enquanto aquela zona ainda esteja em guerra, um conflito militar travado entre o exército angolano e forças militares cabindesas que reivindicam a independência ou a autonomia administrativa e financeira da referida circunscrição.
Para Adalberto Costa Júnior, a democracia tem “forma de solucionar reivindicações regionais, históricas ou sociais no quadro do Estado unitário de Angola”.
“É preciso parar com a guerra e dialogar, não se pode celebrar a paz em Luanda enquanto se faz guerra em Cabinda. Não se pode celebrar a paz no Cunene e activar bazucas e morteiros contra cidadãos no Cafunfo, ou em outros lugares, só porque pensam diferente”, sublinhou o presidente da UNITA, fazendo uma referência aos incidentes de 30 de Janeiro último, em que agentes da polícia e operacionais da FAA acabaram por executar jovens civis.