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MPLA fala de eleições gerais em todo o país e evita falar de Luanda

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Em Luanda, e no que tem a ver com as intenções de voto, o partido da oposição, liderado por Adalberto Costa Júnior, ultrapassa o partido do poder, com uma diferença de sete pontos percentuais – 23% para a UNITA contra 16% para o MPLA.

Há ainda um largo espectro de indecisos, uma realidade que abrange todo o país, onde os que prováveis eleitores que não respondem ou não sabem em que vão votar estão acima dos 30%.

De acordo com o estudo apresentado esta semana – e que decorre de um trabalho de campo realizado no país entre Fevereiro e Março deste ano – aumenta o número de potenciais eleitores que dizem que votariam na UNITA nas próximas eleições gerais, em contraponto, a percentagem de eleitores que diz que vai votar no partido do poder, no MPLA, tem vindo a diminuir.

O estudo destaca, no entanto, o largo número de indecisos, que também aumentou relativamente a 2019. Em 2019, a percentagem das pessoas que recusaram responder à questão: “em quem votaria”, foi de 25%, em 2022 é de 31%, quanto aos que não sabem, passou de 7% em 2019, para 31% em 2022, estes dados são preocupantes na medida em que revelam, muito provavelmente, um maior afastamento ou desconfiança entre os eleitores e os políticos. De uma forma simples, somando os dois elementos, temos que cerca de 40% do eleitorado angolano está indeciso quanto às suas intenções de voto e/ou se vai mesmo votar.

Em Agosto, os angolanos vão votar nas quartas eleições gerais em tempo de paz. O MPLA venceu as três eleições anteriores, mas o seu domínio parlamentar tem vindo a diminuir, passou de 191 em 2008 para 150 em 2017, num parlamento de 220 lugares, mantendo, ainda assim, uma maioria qualificada, enquanto a presenc?a da UNITA no Parlamento cresceu de 16 para 51 no mesmo período, entre 2008 e 2017.

Temos, então, que à semelhança do que aconteceu em 2017, em que os votos na província de Luanda foram razoavelmente diferentes da tendência em todo o país, onde o MPLA obteve 61% dos votos, na capital, os dois principais partidos da oposição – UNITA e CASA-CE, liderada na altura por Abel Chivukuvuku –obtiveram 49% dos votos em urna, enquanto ao MPLA obteve 48%. Uma diferença mínima, mas que reflecte outra realidade, que, e de acordo com o estudo do Afrobarometer, se pode repetir, agora em escala mais alargada.

Enquanto isso, o Comité Central do MPLA, reunido, esta semana em Luanda, na sua 2ª Sessão Ordinária, e presidido pelo presidente do partido, João Lourenço, apreciou o Plano de Marketing Eleitoral e as principais linhas de força dos discursos políticos, congratulando-se com os actos de massas político-eleitorais da pré-campanha.

E esses actos de massas de pré-campanha têm sido acompanhados pela inauguração de infra-estruturas pelo Presidente da República e recandidato pelo partido ao cargo. Das obras inaugurados, o CC do MPLA destacou o Sistema de Transferência de Água do Rio Cunene, a partir da localidade do Cafu, no Cunene, e Hospital Geral e o Terminal Marítimo de Passageiros em Cabinda. Obras associados ao Presidente João Lourenço e “enaltecidas” pela sua importância, e a que se acrescentam outros investimentos que “garantem melhores condições de vida ao povo angolano”.

Os membros do Comité Central “evidenciam a capacidade de mobilização das estruturas intermédias e a prontidão dos militantes, amigos e simpatizantes do MPLA e cidadãos eleitores, tendo em vista a vitória eleitoral”, lê-se no documento do partido. O MPLA conta com uma vitória expressiva do seu líder nas Eleições Gerais de Agosto de 2022.

A avaliar pelos estudos de opinião, dir-se-ia que há que moderar o entusiasmo. Veja-se o quadro que se segue.

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