Entrevistas

Monkeypox é o nome do mais recente surto epidémico que aflige os europeus

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David Heymann, um especialista e conselheiro da Organização Mundial de Saúde (OMS), em entrevista à Associated Press, adiantou que a principal teoria para explicar o surto de varíola dos macacos – que não é bem varíola e não tem assim tanto a ver com macacos, que, e tal como os humanos, são só hospedeiros do vírus – tem a ver com o comportamento sexual de riscos de dois eventos de massas, as chamadas “raves”, em Espanha e na Bélgica, em que participaram maioritariamente homens – gays e bissexuais.

Até agora, a Monkeypox já tinha provocado surtos generalizados em alguns países africanos, onde é endémica, justamente, entre os macacos.

De acordo com o especialista o vírus pode espalhar-se quando há contacto próximo com eventuais lesões de pele, por exemplo, de alguém que esteja infectado, e o contacto sexual amplia a transmissão.

Até ao momento a OMS registou quase 100 vasos de varíola numa dúzia de países, incluindo Grã-Bretanha, Espanha, França, Suíça, Portugal, Israel, Austrália e Estados Unidos.

Em Portugal registam-se, até ao momento 23 casos, e em Madrid, as autoridades de Saúde reportaram 30 casos confirmados até agora. E são as autoridades espanholas que investigam a possibilidade de o surto estar ligado a um recente acontecimento de “Orgulho Gay” que decorreu nas Ilhas Canárias e em que participaram cerca de 80 mil pessoas.

A Monkeypox provoca febre, calafrios, erupções cutâneas e lesões no rosto e genitais. Pode ser transmitida através do contacto próximo com uma pessoa infectada ou ainda através das roupas, não é seguro falar de transmissão sexual directa, mais de comportamentos sexuais de risco. A maior parte das pessoas recupera da doença passado algumas semanas, sem necessidade de hospitalização. Há vacinas e medicamentos para o tratamento da varíola.

Dados indicam que só 10% das infecções é que pode ser fatal, no entanto, até ao momento e nos casos actuais, não há conhecimento de qualquer morte directamente relacionada com a infecção.

Por agora a OMS opta por considerar o surto “atípico” mas admite que a doença esteja a espalhar silenciosamente há já algum tempo.

Um virologista do Imperial College London, Mik Skinner, alerta que “por natureza, a actividade sexual envolve contacto íntimo, o que pode aumentar a probabilidade de transmissão, independentemente da orientação sexual de cada pessoa e o modo de transmissão”. E a responsável por uma das principais agências de Saúde do Reino Unido já admitiu que se espera por um número mais significativo de infectados.

As autoridades de Saúde europeias avançam ainda que os homens infectados não tem qualquer histórico de viagens ao continente africano, e que são assumidamente gays, bissexuais ou que de alguma forma tiveram contacto íntimo com outros homens.

Em Portugal e Espanha os infectados são sobretudo homens, gays, a quem foi detectada a doença quando procuravam ajuda clínica para lesões cutâneas.

Por agora, os especialistas preferem ver o surto como “aleatório” e consideram pouco provável uma transmissão generalizada.

“Isto não é o covid”, fez questão de esclarecer o especialista da OMS.

Fonte: Associated Press (AP)

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