O Governo quer dar mais espaço aos bancos para financiar a diversificação económica e para isso vai aliviar o recurso ao sistema financeiro angolano para financiar as necessidades de endividamento da República.
A ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, disse, esta terça-feira, dia 17 de Maio, que o Governo pretende recorrer menos aos mercados financeiros internacionais e ao sistema financeiro angolano e dessa forma dar espaço aos bancos nacionais precisam de espaço para financiar a diversificação.
A ministra das Finanças disse, ainda, que “estamos a reconstruir as reservas e queremos estar prontos para futuros desafios, não queremos passar novamente pela experiência da covid-19, por isso apostamos na reconstrução das reservas do Tesouro” – que desceram para níveis históricos durante a pandemia da covid.
“Queremos ser menos agressivos no financiamento, usar menos o financiamento externo e o interno, especialmente o interno”, explicou Vera Daves de Sousa, numa conferência de investimento promovida pela agência de informação financeira Bloomberg.
Questionada sobre o que irá fazer com o aumento de receita proveniente do petróleo, cujo preço inscrito no Orçamento (59 dólares por barril) é quase metade do preço atual, a rondar os 100 dólares, Vera Daves de Sousa insistiu na ideia de dar espaço para o financiamento da diversificação económica. Ou para dar mais espaço ao Presidente da República para os ajustes directos, mas isso a ministra das Finanças não disse.
“Estamos completamente empenhados na diversificação da nossa economia, mas para isso precisamos de dar espaço aos bancos comerciais para financiar o sector privado; se formos menos ao mercado interno, veremos mais liquidez do sistema a ir para o financiamento de investimentos do sector privado, por isso vamos usar menos o espaço dos bancos nacionais e compensar com a receita extra que chegará do petróleo mais caro”, explicou a Vera Daves de Sousa.
Questionada sobre a sua previsão de evolução para o preço do petróleo, a ministra das Finanças angolana preferiu reconhecer que os motivos para a evolução do preço são conjunturais.
“As circunstâncias que levaram o preço para os 100 dólares por barril são geopolíticas, não são estruturais, por isso queremos ser conservadores; se a tensão geopolítica for resolvida, com um clima mais pacífico, veremos o preço a cair, por isso queremos ser conservadores, 59 dólares é o preço que está no Orçamento e tudo o que recebermos acima disso queremos usar nos termos que descrevi”, concluiu a ministra.
