Imagem de Anjo a pisar homem negro do Hotel Portugália choca a sociedade angolana
A obra de arte tomada por provocadora, discriminatória e racista, foi pela primeira vez postada nas redes sociais por um dos hóspedes do referido hotel, que manifestou-se indignado ao ver a imagem na sala de estar de um hotel, cuja liderança e funcionários são maioritariamente negros.
O hotel, situado na avenida Miguel Bombarda, abriu as portas recentemente com uma imagem de “boas vindas” para os seus clientes que não foi muito bem-recebida pelos hóspedes angolanos.
Falando à CamundaNews, o responsável da recepção do hotel, José Inácio, confirmou a presença da imagem na sala de estar do hotel, tendo sublinhado que “nada tem a ver com a transmissão” de uma mensagem subliminar discriminatória.
“A imagem está sim na nossa sala de estar, mas não tem a ver com racismo ou qualquer coisa parecida, é uma questão de crença, mas o caso já está na direcção, e estão a ver como resolver até porque a polícia já esteve aqui”, disse José Inácio.
Contrário ao que muitos supõem nas redes sociais, em relação a gestão do hotel e pelo nome que carrega, José Inácio garante que o hotel é angolano e liderado por nacionais, sendo que a “directora-geral é a angolana Cláudia Gonçalves”, referiu o responsável da recepção do hotel, José Inácio.
“Apesar de serem mulatos, são angolanos e da província de Malanje. O tom da pele não deve ser levado em conta porque somos todos negros e angolanos”, insistiu.
No entanto, nas redes sociais, as pessoas exigem que a imagem seja retirada do hotel, caso contrário ameaçam “tomar medidas”. Em face disso, o recepcionista José Inácio disse que a retirada da imagem depende unicamente da direcção do hotel.
Questionado sobre a razão daquela imagem e o que representa, José Inácio respondeu ser “uma questão de crença partindo da Igreja Católica”. Segundo o Jornal O Pais, a tão polémica pintura é uma obra feita pelo italiano Rafael Sanzio em 1.518, que segundo os crentes da igreja, representa o anjo Miguel Arcanjo “derrotando” satanás.
Para alguns internautas, além de significar falta de respeito aos angolanos envolvendo racismo, desvalorização da pele negra e discriminação racial, representa também um “código” de lembrança sobre a “questão do colono português não ter saído realmente de Angola”.