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Associações de igrejas cristãs de Angola convocaram para o próximo domingo um culto ecuménico em prol das eleições, iniciativa em que não participa a Igreja Católica que prefere focar-se na novena.
O evento, segundo uma nota do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, que convida à cobertura jornalística “destina-se a sensibilizar todo o nosso povo angolano, para que as eleições decorram em ambiente de paz e tranquilidade, no contexto do direito de cada eleitor exercer o seu direito de cidadania, através do voto”.
O culto religioso, que vai celebrar-se no domingo no Estádio 11 de novembro foi convocado pelo Conselho das Igrejas Cristãs em Angola (CICA), a Aliança Evangélica de Angola (AEA) e o Fórum Cristão Angolano sob o lema: “Orai pelas autoridades para que tenham vida tranquila”.
Em declarações à Lusa, o representante da diocese de Luanda no diálogo ecuménico, Adelino Moma, disse que a Igreja Católica foi convidada, mas está neste momento focada na novena que se iniciou na segunda-feira.
“Começámos um ciclo de nove dias, estamos a rezar pelas eleições”, afirmou, acrescentando que os cristãos católicos são livres de participarem nos atos que entenderem, embora a Igreja Católica não tenha aderido formalmente à iniciativa
“As instituições são independentes e fazem as suas leituras de cada situação. Neste momento, preferimos fazer orações por esta causa na nossa casa. Não proibimos, nem dizemos aos nossos fiéis para participar no culto, não fizemos circular nada sobre essa iniciativa, nós vamos orar pelas eleições no âmbito da novena”, destacou o padre Adelino Moma.
A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) anunciou em 15 de Julho que iria realizar uma “novena”, nove dias de oração, para a paz e estabilidade das eleições gerais de 24 de Agosto.
No final de um culto ecuménico realizado domingo, em que participou o reverendo Luís Nguimbi do Fórum Cristão Angolano, Higino Carneiro, membro do Comité Central do MPLA (partido no poder desde a independência de Angola) apelou aos crentes da igreja evangélica angolana que preservem a paz e pediu para que, depois de votarem, regressem as suas casas.
Numa acção de caça ao voto no Cazenga (Luanda), Higino Carneiro foi sensibilizar os crentes para exercerem o seu direito, escolhendo “exatamente aqueles que tudo fizeram para que Angola fosse aquilo que é hoje” e pedindo que votem “no partido que deu mostras de estabilidade e desenvolvimento aos angolanos”.
“Não vai escolher aquele que a gente não gosta, vai escolher aquele em quem a gente confia e sempre encontrará solução para que amanhã tenhamos dias melhores”, disse o deputado do MPLA, ex-ministro das Obras Públicas e ex-governador de Luanda que esteve envolvido num processo relacionado com crimes de peculato, nepotismo, tráfico de influências, associação criminosa e branqueamento de capitais, mas viu o seu processo arquivado pelo Tribunal Supremo em Maio deste ano.
A lei orgânica sobre as eleições gerais consagra, nos seus artigos 68 e 69 proibições e locais interditos ao exercício de propaganda política.
Entre estes incluem-se unidades militares e militarizadas, instituições públicas, instituições de ensino, locais de culto, hospitais e estabelecimentos similares, instalações dos órgãos da administração eleitoral independente, e a 250 metros dos locais onde estão instaladas as assembleias de voto.