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Governo chumba no exame nacional

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É com naturalidade perplexidade que se percebe que a figura do professor é de tal forma desrespeitada que no seu lugar se colocam seguranças e auxiliares de limpeza, um sinal muito negativo para um diálogo entre os professores e o Ministério da Educação (MdE), numa altura em que continua a não haver entendimento entre as partes, ou seja, entre o MdE e o Sindicato Nacional dos Professores (SINPROF), e em que a paralisação se mantém.

Entretanto, o Ministério da Educação obrigou os professores a prestarem serviços mínimos e a estarem nas escolas para a fase de exames escolares, que começou esta segunda-feira (12.12).

Na província do Uíge, por exemplo, os professores foram notificados a comparecerem nas escolas através de mensagens telefónicas. E os professores grevistas são ameaçados com descontos salariais,

Em declarações à DW, o docente Kinkani Ngangu conta que “alguns directores estão a dizer que as folhas de salários dos professores que não vão estar na escola no período das provas não vão ser processadas”. E que estes professores, “provavelmente”, terão um desconto salarial este mês.

Enquanto isso, o Ministério da Educação informou na sua página oficial do Facebook que, no município de Mucaba, no Uíge, as provas foram realizadas com sucesso. E, de acordo com o Governo, há ainda outras regiões onde as provas foram realizadas, sendo que em muitas escolas foram os próprios directores que monitoraram os exames.

Luanda, os professores também terão sido coagidos a escolher entre a greve ou o desconto salarial. Mas houve resistência dos professores, e no município de Viana, os professores foram substituídos por seguranças e auxiliares de limpeza.

Mas “quem é que vai tirar as dúvidas aos alunos?”, questionou, em entrevista à DW, o docente Fernando Laureano

Os alunos “não vão ter o mesmo aproveitamento, porque é o professor que deve tirar as dúvidas. Este contacto da senhora da limpeza com os alunos é só para marcar presença. Com as provas que estão a ser dadas desta forma, não estamos a ver aproveitamento no seio dos alunos”, disse Fernando Laureano.

O Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA) considera um desrespeito aos professores grevistas e aos alunos o facto das escolas mobilizarem auxiliares da limpeza para monitorarem as provas.

Francisco Teixeira, líder do movimento, pede aos alunos para não irem à escola enquanto durar a greve, que termina na sexta-feira (16.12).

“Apelamos aos pais e encarregados de educação para que não mandem os vossos filhos às escolas até que esta situação seja ultrapassada. Que sejam os professores que lecionaram a darem as provas, e a fazer a revisão, e que sejam eles a fazer a correção [das provas], porque são eles que ministram as aulas. A correção só é feita por uma outra pessoa nos exames finais. Não podemos aceitar que o Ministério da Educação atropele tudo isso”, disse o dirigente do MEA.

O professor Fernando Laureano, que é também o secretário provincial do SINPROF em Luanda, diz que nenhum professor grevista poderá corrigir as provas. “E não devem lançar as notas na mini pauta, porque seremos descontados pelo período em que estamos em greve”, lembra o sindicalista.

E ao que tudo indica, os protestos vão continuar, e a greve dos professores também.

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