Em Washington, para participar na segunda Cimeira EUA-África – a primeira realizou-se em 2014, na presidência de Barack Obama – o Presidente João Lourenço deu um entrevista à Voz da América (Voice of America/VOA), na primeira parte da entrevista falou-se, essencialmente de política externa: o balanço da cimeira, o investimento norte-americano, a participação da União Africana no G20 e como eventual membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, do reequipamento das Forças Armadas angolanas com material norte-americano, ou, como disse o Presidente João Lourenço, “equipamento da OTAN”, por último, do conflito no leste da República Democrática do Congo. E o Presidente de Angola, que reuniu em Washington com os seus pares da região, está optimista e adianta que o roteiro de Luanda está a ser cumprido.
Sobre a Cimeira EUA-África, João Lourenço assinalou que “a nosso ver, foi uma muito boa cimeira, nós, os países africanos, saíamos daqui satisfeitos”, e acrescentou: “cremos que foi atingido o objectivo pelo qual o Presidente Joe Biden realizou esta cimeira”, também na medida em que ficou garantido o financiamento norte-americano aos países africanos, não só o financiamento para infra-estruturas “de que o nosso continente necessita”, mas também “crédito à exportação para empresas americanas que queiram fazer investimento privado em África”, disse ainda João Lourenço que fez questão de sublinhar que esse investimento tem já números concretos.
Sobre a pressão que foi feita para que União Africana fizesse parte dos G20 – as mais relevantes economias globais e onde se tomam decisões que afectam a todos – o Presidente angolano fez questão de dizer que essa integração é, naturalmente, bem-vinda, uma vez que “África pode contribuir com ideias e com a sua própria economia” e “podemos oferecer muito mais ao mundo do que aquilo que temos vindo a oferecer”.
Na reunião com o Secretário de Estado norte-americano Antony Blinken, em que também participou o Secretário de Estado da Defesa Lloyd Austin, foram abordadas questões relacionadas com o assunto da defesa, e o Presidente João Lourenço partilhou que os Estados Unidos vão ajudar as Forças Armadas Angolanas (FAA) num programa de reequipamento.
“Nós queremos ver os Estados Unidos da América a participar do nosso programa de reequipamento das Forças Armadas com equipamento militar”, disse João Lourenço, e prosseguiu, “como se sabe, as nossas Forças Armadas têm apenas a chamada técnica soviética e nós entendemos que é chegado o momento de darmos o salto e rearmar as nossas forças armadas também com equipamento da OTAN”, disse João Lourenço. Lembre-se que OTAN (NATO, no acrónimo inglês) é a organização defensiva do Atlântico Norte feita de 30 países, que incluí os Estados Unidos, uma parte substancial dos Estados europeus e a Turquia.
E é com equipamento da NATO que João Lourenço conta para fazer a transição das FAA e com os Estados Unidos “como parceiro”.
Falando de política externa era indispensável não falar do conflito no leste da República Democrática do Congo (RDCongo) e o envolvimento de Angola com o “Roteiro de Luanda”, sendo que este conflito envolve e desenvolve-se na chamada região dos Grandes Lagos, onde os presidentes angolanos sempre tiveram um papel preponderante. Seja como for, o João Lourenço, insiste que as duas regiões, a segunda é a região da África Oriental, devem fazer mais.
Ainda assim, o Presidente João Lourenço fez questão de dizer que os países da região estão a trabalhar em conjunto, que há entendimento absoluto entre o que se passa em Luanda ou em Nairobi, sem quaisquer atropelos. “Estamos numa perfeita sintonia, não há atropelos de tipo nenhum, não há sobreposição de tarefas e todos estamos a fazer o que tem de ser feito, no sentido de que cada um faz a sua parte para que no conjunto façamos o que tem de ser feito para alcançar a paz”, disse João Lourenço, e sobre a possibilidade de essa paz ser alcançada está “optimista”.
Em Washington, João Lourenço esteve reunidos com os chefes de Estado e de governo do Quénia, Ruanda, Burundi, Tanzânia, Uganda e Sudão do Sul, a que num segundo dia se juntou o Presidente da RDCongo, e “eu devo dizer que estamos optimistas” e que “o “Roteiro de Luanda está a ser cumprido até aqui, com a cessação das hostilidades no dia indicado, a 25 de Novembro”, acrescentou João Lourenço – no que não é rigorosamente verdade, como a Camunda News lhe tem dado conta em notícias que vamos publicando sobre o que se passa no leste da RDCongo e onde também assinalamos que Paul Kagame, o Presidente do Ruanda, deixou claro em Washington que os rebeldes do M23 não eram um problema do Ruanda, mas, sim, da RDCongo.
Seja como for, o Presidente João Lourenço mantém um razoável optimismo também porque depois dos encontros de Washington, “estamos em condições de dar os passos seguintes, portanto, passar para o acantonamento e desarmamento e depois, digamos, a parte mais política, que será da reinserção dos congoleses integrantes do M23 -porque eles são nacionais congoleses – na sociedade congolesa”, disse João Lourenço.