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ENSINO REMOTO DE EMERGÊNCIA VS ENSINO À DISTÂNCIA – Eliseu Chipaco

A suspensão das aulas presenciais devido a pandemia do Covid-19 conduziu algumas Instituições de Ensino Superior (IES) em Angola a recorrer ao ensino remoto para tentar seguir o ano lectivo. Infelizmente, muitas destas IES decidiram afirmar aos quatro cantos que as aulas estão a ser leccionadas em Ensino à Distância (EaD), e-learning.

Não! Meus Senhores, o que muitas IES estão a fazer é o ensino remoto de emergência. Sim, este é o termo.

O ensino remoto de emergência é uma mudança temporária do processo de ensino para um modo alternativo devido a circunstâncias de crise. Recorre-se a soluções de ensino totalmente remotas que, de outra forma, seriam ministradas presencialmente ou como cursos combinados ou híbridos e que retornarão a esse formato assim que a crise ou emergência tiver diminuído.

O EaD, especificamente o e-learning resulta de um planeamento e design instrutivo cuidadoso que faz recurso a um modelo de design e desenvolvimento. E é esse processo de design cuidadoso que estará ausente na maior parte dos casos quando se operam este tipo de mudanças de emergência.

No ensino remoto de emergência os professores transferem as aulas a leccionar para um ambiente online a curto prazo. Nestes casos, a tecnologia serve para ajudar os professores a adaptar de forma rápida os planos de aula e fornecer conteúdos electronicamente para que possam tirar proveito numa situação difícil.

Este ensino que está ser praticado actualmente por causa da pandemia apenas assemelha-se ao EaD no que se refere a uma educação mediada pela tecnologia. Se por um lado, o EaD está regulado, com regras devidamente estabelecidas, conjectura o apoio de tutores de forma atemporal, carga horária diluída em diferentes recursos mediáticos e actividades síncronas e assíncronas, por outro, o ensino remoto de emergência adapta-se às condições existentes em qualquer ambiente que o exija, escolhem-se três a cinco conteúdos que são necessários aos alunos até o final do período e adaptam-se a forma como leccioná-los aos alunos. Os professores são chamados a trabalhar com os meios que conseguem arranjar – WhatsApp, Facebook entre outros – num momento de crise.

Durante décadas vários foram os estudos sobre o EaD e diferentes modelos eficientes foram desenvolvidos. O e-learning, por exemplo resulta de um design e um planeamento educativo ou instrutivo feito de maneira cuidadosa.

E o que se assiste em algumas IES é uma situação emergencial em que aos professores estão a ser exigidas soluções rápidas e improvisadas em circunstâncias nada favoráveis. O que traduz bem a prática de um ensino remoto de emergência, cuja qualidade final não pode ser comparada ao e-learning.

Não se pode cometer o erro de comparar as IES que precisaram recorrer ao e-learning como medida emergencial às instituições ou cursos que pensaram em nos seus cursos para serem oferecidos na modalidade online, tirando o máximo proveito dos recursos e possibilidades deste formato.

Portanto, no ensino remoto de emergência o objectivo principal não é recriar um ecossistema educacional robusto, mas fornecer acesso temporário ao processo de ensino e aprendizagem de uma maneira que seja rápida de configurar e esteja disponível de maneira confiável durante uma emergência ou crise. Quando se entender o ensino remoto de emergência dessa maneira, poder-se-á começar a separá-lo do EaD, e-learning.

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