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O funeral da jornalista de origem palestina e norte-americana Shireen Abu Akleh rapidamente se transformou num caos, esta sexta-feira, quando a polícia israelita reagiu de forma violenta ao facto de um grupo de civis insistir em transportar o caixão da jornalista, morta a tiro esta semana quando fazia a cobertura de uma operação militar israelita no campo de refugiados na Cisjordânia, em ombros e não no carro funerário destinado para o efeito.
Entretanto, as ruas de Jerusalém encheram-se de manifestantes, em protesto pela morte da jornalista, um rosto familiar no mundo árabe e que era actualmente a correspondente da Al Jazeera naquela região do Médio Oriente.
Houve uma troca de acusações mútuas: os palestinianos acusam Israel de ser o responsável pela morte da jornalista, Israel diz que a jornalista foi vítima de um tiro fortuito de um atirador palestiniano, sendo que após algumas investigações, Israel já veio admitir que poderá ter sido um dos seus soldados a disparar o tiro que atingiu Abu Akleh na cabeça.
O funeral desta sexta-feira marcou o segundo dia de eventos em memória de Abu Akleh, que trabalhou como correspondente da Al Jazeera durante duas décadas.
A rota do percurso fúnebre estava previamente acordada entre a polícia e a família de Abu Akleh, e incluía o transporte do seu corpo num carro funerária para uma igreja católica na parte velha da cidade de Jerusalém, e depois uma pequena procissão para um cemitério cristão, para ser sepultada em jazigo da família.
Ao meio-dia, uma multidão de várias centenas de pessoas concentrou-se concentrou-se à entrada do Hospital St. Joseph, em Jerusalém Oriental, onde o corpo de Abu Akleh repousava. Por esta altura, dezenas de muçulmanos ajoelharam no parque de estacionamento do hospital para fazer as suas orações, ao mesmo tempo que uma pequena multidão se concentrava, empunhando bandeiras palestinianas e entoando cântico e palavras de ordem em árabe,
Entretanto, um grupo de homens impediu que o carro fúnebre se aproximasse da porta do hospital, dizendo que pretendiam carregar o caixão em ombros. Um irmão de Akleh implorou à multidão que deixasse o carro funerário passar. Mas a multidão insistia em transportar o féretro da jornalista em ombros.
“No ombro ao ombro!”, gritavam as pessoas da multidão que se juntava. E quando o caixão com o corpo da jornalista seguia em ombros para fora do hospital, surgiu a polícia israelita que se recusou a deixar prosseguir com o funeral daquela forma. E instalou-se o caos.
A certa altura, o caixão de Abu Akleh quase que caia, mas quem o transportava conseguiu evitar o pior.