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Confirma-se: Nelito Ekuikui é candidato à liderança da JURA

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Nelito Ekuikui anunciou de forma oficial que é candidato à liderança da Juventude Unida Revolucionária de Angola (JURA) no próximo congresso ordinário do braço juvenil da UNITA, que se vai realizar entre 15 e 17 de Março.

Em entrevista ao Novo Jornal, o actual dirigente sénior da UNITA diz que sai “pela porta grande” do cargo de secretário provincial do Galo Negro em Luanda, numa altura em que a capital, e de acordo com as últimas eleições gerais de Agosto de 2022, tem um eleitorado que, maioritariamente, vota vermelho e verde, as cores da UNITA, apesar de uma campanha eleitoral dominada pelo vermelho, amarelo e preto, as cores do MPLA. Dito de outro modo, Ekuikui cumpriu a sua tarefa, mudou as cores do eleitorado da maior província do país e agora vai tentar fazê-lo em todo o país a começar pela estrutura juvenil do partido.

Há, nos países europeus, por exemplo, a tradição de que muitos líderes do partido começam, justamente, nas estruturas juvenis, no caso de Nelito Ekuikui este percurso tem qualquer coisa de contra-senso ou de sentido inverso, alcançou excelentes resultados na estrutura sénior que agora vai tentar replicar na estrutura júnior, como muitos riscos, até porque não há, tanto quanto se sabe, unanimidade na escolha de Ekuikui, e se dificilmente deixará que a liderança da JURA lhe escape, até, porque se diz que tem o apoio dos dirigentes de topo do Galo Negro, não é seguro que não tenha forte oposição interna, um dissídio que pode ser perturbador.

Nelito Ekuikui arrisca-se a ser usado como cimento para unificar um partido que foi penetrado por militantes não-UNITA nas últimas eleições gerais e que está permanentemente na mira do partido do poder, que faz de tudo para criar instabilidade no maior partido da oposição, que se assume como alternativa ao poder ainda hegemónico do MPLA – não estamos só a falar do Governo, falamos de todas as instituições do Estado e da administração pública no seu todo.

“Não estou a sair pela janela, não estou a sair empurrado, não estou a sair por desgaste da imagem, estou a sair porque as lideranças, quer sejam de topo ou intermédias, têm de saber a hora de sair”, disse Nelito Ekuikui ao Novo Jornal. O também deputado da UNITA não considera que este passo seja uma despromoção.

“A JURA faz parte do triângulo da direcção do partido. E quando estou a falar do triângulo, estou a falar do presidente da UNITA, da presidente da LIMA e do presidente da JURA, que são três órgãos electivos, com legitimidade dada pelos militantes do partido. O desafio da JURA é maior, na medida em que temos de olhar para o País, de uma forma geral, para os 164 municípios, para as 18 províncias, não apenas para Luanda”, disse Ekuikui na mesma entrevista.

“Mas uma juventude que carece de uma mão… de liderança. Liderança porque nós ainda confundimos revolta com revolução, coisas com causas, o imediato com a construção de um edifício com pilares”.

Justamente ao não confundir “revolta” com “revolução”, Ekuikui assume a estratégica definida pelo presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, no pós-eleições, quando conteve os ânimos da revolta para não provocar uma revolução que seria, sem margem para dúvida, muito sangrenta.

“Eu vou para a JURA com uma missão pedagógica: inspirar e instruir jovens para alcançar os objectivos do partido, olhando para os desafios do futuro do nosso País”, disse o candidato à liderança dos jovens do Galo Negro, um movimento que tem tudo para crescer, dado que não tem memória da guerra, o enorme fantasma que o MPLA agita de tempos a tempos, no sentido de lembrar a incapacidade da UNITA de ser poder, e porque o descontentamento contra o partido de poder cresce a cada nova geração de eleitores.

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