Economia

Benjamin Natanyahu afastado depois de 12 anos no poder por um voto de diferença

A votação no Knesset (parlamento) foi ruidosa, o debate foi frequentemente interrompido com gritos de “vergonha” e “mentiroso” por parte da ala conservadora que agora está de saída do governo, muito deles foram retirados da sala.

Naftali Bennet, líder ortodoxo, saído das franjas conservadoras do regime e que antes colaborou em governos de Natanyahu é o novo primeiro-ministro, após uma votação com a estreita margem de 1 voto – 60 vs. 59 – e vai liderar uma coligação de partidos de direita, centro e esquerda, o seja todo o espectro político de Israel estará representado nesta coligação, incluindo um partido de árabes israelitas, o que é bom, mas que pode ser igualmente muito mau.

Bennet, vaiado no parlamento durante a votação, afirmou: “tenho orgulho em me sentar com pessoas que têm opiniões muito diferentes, e decidimos assumir essa responsabilidade”.

E daqui a dois anos, Bennet será substituído no cargo de primeiro-ministro por Yair Lapid, um político mais à esquerda, jornalista e uma estrela mediática do país, que é actualmente líder do segundo partido mais votado em Israel, logo a seguir ao Likud de Netanyahu, foi também ele o negociador e o intermediador nas negociações que envolveram oito partidos, entre eles um partido árabe, o Ra”am, que representa cerca de 20% da população de Israel. De foram ficaram os partidos ultra-ortodoxos que quase sempre fizeram parte do governo, desde 1977.

Entretanto, Natanyahu já prometeu que voltará, e avisou Bennett para não destruir a economia de Israel, que muito afirmam em crise, e que na última década foi uma das economias do mundo que mais avançou no sentido da digitalização.

A recente guerra de 12 dias com o Hamas, na Faixa de Gaza, e ao contrário do que se poderia pensar, não fortaleceu Natanyahu, apesar do seu discurso bélico e nacionalista, acabou por o deixar mais frágil e alimentar junto dos opositores a necessidade de o substituir. O facto de agora ex-primeiro-ministro estar a contas com a Justiça por alegada corrupção, não o ajudou.

Nas últimas quatro eleições legislativas no país, o Likud conquistou a maioria dos votos em três delas, mas os ultra-ortodoxos e nacionalistas nunca conseguiram uma coligação estável para formar governo. Natanyahu era líder de um governo provisório, relativamente paralisado, desde 2018, que mesmo em plena pandemia do novo coronavírus não conseguiu fazer aprovar o orçamento no parlamento.

Fora do parlamento, a sociedade civil israelita começou a evidenciar uma polarização extrema. E Natanyahu transformou-se num líder sitiado e desconfiado, atirando em todas as direcções. Além do mais, o seu caso com a Justiça e a forma como tem lidado com o assunto, perturba vários sectores da sociedade israelita, desde a direita à esquerda, que veem na recusa em se afastar um perigo que pode pôr em causa o Estado de direito no país.

A polarização acentuada por “Bibi”, como também é tratado Natanyahu, levou a que o Shin Bet, os serviços de segurança interna de Israel, tivessem, e numa atitude pouco usual, lançando um alerta na semana passada. Num país em que após os acordos de Oslo e viram o primeiro-ministro Yitzhak Rabin ser assassinado por um extremista da direita nacionalista.

Por agora Bennet e Lapid farão uma espécie de liderança bicéfala, uma vez que um fica com o poder de vetar as medidas do outro, ao mesmo tempo que se comprometem em fazer aprovar um orçamento nos próximos 140 dias e não mexerem nas questões mais sensíveis relacionadas com a Cisjordânia, embora os nacionalistas não tencionem dar-lhe descanso, com manifestações marcadas para Jerusalém, que tem tudo para acabar em confrontos.

Netanyahu promete voltar e por agora fica no parlamento, na oposição, os observadores políticos dizem que esta presença do ex-primeiro-ministro no Knesset pode favorecer a actual coligação, dado que o seu estilo truculento e belicista pode contribuir para uma maior necessidade de estabilidade e pode ser o cimento que a jewrigonça precisa.

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