Christine Lagarde, presidente do BCE
Depois de ano e anos de uma política monetária suave, eis que o Banco Central Europeu (BCE) muda de posição e entra numa fase de política monetária agressiva, num tudo por tudo para controlar a inflação, transformada num fenómeno global.
A escalada dos preços continua sem dar tréguas na zona euro, com a taxa de inflação e atingir os 8,6% em Junho em termos homólogos. É um máximo desde a criação do euro e está muito acima da fasquia dos 2%, que é a referência para o BCE, que tem como mandato a estabilidade dos preços.
Havia um aumento previsto de 0,25 pp percentuais, que passou para o dobro. O Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE) disse, nesta quinta-feira, que “é apropriado dar um primeiro passo maior no caminho de normalização da taxa básica, relativamente ao que tinha sido sinalizado na reunião anterior”.
Em comunicado, o Conselho do BCE justifica a decisão de um aumento dos juros superior ao que tinha sido sinalizado com “uma avaliação actualizada dos riscos de inflação” e “o apoio reforçado” fornecido pelo mecanismo anti-fragmentação para “efectiva transmissão da política monetária”.
Quase todos os países do mundo foram atingidos pelo aumento da inflação nos últimos meses, mas a situação enfrentada por Christine Lagarde, presidente do BC, é particularmente complicada: equilibrar as fraquezas e os encargos da dívida das economias de 19 diferentes países.
Aumentar as taxas de juros foi o passo crucial para encerrar a era do Banco Central Europeu de taxas de juro negativas. O banco central também fechou os programas de vários milhares de milhões de euros para comprar títulos de dívida dos países do euro.
Oito anos depois, o fim de sua política de taxas de juros negativas – destinada a levar os bancos a emprestar generosamente – terminou abruptamente. A taxa de depósito, que é o que os bancos recebem por depositar dinheiro no banco central durante a noite, foi aumentada de menos 0,5% para zero.
A última vez que o BCE elevou as taxas foi em Julho de 2011, mas os fazedores de políticas monetárias reverteram o movimento quatro meses depois, quando a crise nos mercados de títulos da zona euro se intensificou.
Até ao final do ano, são esperados novos aumentos da taxa directora do BCE, que continua muito aquém da taxa directora da Reserva Federal dos Estados Unidos (FED). A FED já avançou com três aumentos dos juros este ano, que colocaram esta taxa no actual intervalo entre 1,5% e 1,75%.
Um diferencial face à zona euro que tem alimentado a depreciação do euro face ao dólar, e que o BCE procura travar.