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As autoridades chinesas afrouxaram as regras antivírus em algumas áreas, mas mantém severa estratégia de covid-zero em toda a China, depois de multidões terem exigido a renúncia do presidente Xi Jinping e protestarem contra o controle que confina milhões de pessoas em casa.
O governo não fez, esta segunda-feira, quaisquer comentários sobre os protestos ou críticas a Xi, a maior demonstração de oposição ao Partido Comunista em décadas.
E também não há informações oficiais sobre quantas pessoas foram detidas depois que a polícia ter usado da força contra os manifestantes em Xangai, sobre quem disparou gás lacrimogéneo, e noutras cidades, incluindo Pequim, a capital.
O governo também não se referiu ao incêndio que ocorreu na semana passada em que os habitantes de um complexo residencial ficaram bloqueados e muitos deles acabaram por morrer.
“As passagens devem permanecer livres para transporte médico, fugas de emergência e resgates”, disse um funcionário encarregue do controle epidémico, Wang Daguang, de acordo com o China News Service oficial.
Em algumas áreas as pessoas estão confinadas em casa há quatro meses e começa a ter restrições no que tem a ver com o acesso à água e aos alimentos.
O governo tem vindo a prometer algum alívio nas regras anti-covid, mas as populações estão exaustas e impacientes com tantas restrições e quarentenas.
Esta segunda-feira, o número de novos casos diários na China subiu para 40.347, incluindo 36.525 sem sintomas.
O jornal do partido no poder, o People’s Daily, insiste que a estratégia antivírus seja executada de forma eficaz, indicando que o governo de Xi não tem planos de mudar de rumo. “Os factos provaram plenamente que cada versão do plano de prevenção e controle resistiu ao teste da prática”, pode ler-se no People’s Daily.
Também esta segunda-feira, em Guangzhou, metrópole industrial e comercial do sul, o maior ponto crítico na última onda de infecções da China, anunciou que alguns residentes não precisam de passar por testes em massas, que passaram a ser pagos por quem os faz, ainda que a medida seja uma obrigatoriedade imposta pelo governo chinês.
Os protestos na China espalharam-se para pelo menos oito grandes cidades depois de pelo menos 10 pessoas morreram na quinta-feira no incêndio num prédio de apartamentos em Urumqi.
A maioria dos manifestantes contestou as restrições excessivas, mas alguns gritaram slogans contra Xi.
Num vídeo pode ver-se uma multidão em Xangai, neste sábado, a gritar: “Xi Jinping! Fora! PCC! Fora!”