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As grandes empresas tecnológicas norte-americanas deixaram de recrutar e estão a despedir

A administração norte-americana pondera investigar a compra de uma participação do Twitter pelo príncipe saudita, o multimilionário Al Waleed bin Talal, que é agora o segundo maior accionista a seguir a Elon Musk.

“Acho que a cooperação ou as relações técnicas com outros países merecem ser analisadas, quer alguém esteja a fazer algo errado ou não. O que estou a sugerir é que merece ser analisado”, disse o presidente Biden, em conferência de imprensa, depois de ter sido questionado pelo assunto.

E este é também um sinal que algo corre menos bem com as grandes tecnológicas que são as empresas que, há duas décadas, mais empregos tem criado. Agora a tendência reverteu-se de forma abrupta, e, quem sabe, dramática. E as empresas que estavam mais habituadas a contratar do que a despedir… começam a despedir.

Esta tendência começou, precisamente, pelo Twitter. Na semana passada, o novo dono, o multimilionário Elon Musk, decidiu eliminar cerca de metade dos postos de trabalho da empresa que tinha comprado uma semana antes por 44 milhões de dólares. E de um momento para o outro há 3.700 funcionários dispensados. Musk explicou por email e anunciou pelo Twitter.

Vários funcionários avançaram com processos judiciais, alegando que a empresa violou várias leis federais e estaduais e algumas organizações não governamentais apelaram aos anunciantes para “deixarem” o Twitter, por várias razões e também porque a plataforma deixará de ter os meios necessários para assegurar a moderação e a segurança dos conteúdos, sendo que ninguém percebe como o quer fazer.

Com um intervalo de horas ou dias foram várias as empresas que anunciaram uma paragem nos investimentos publicitários no Twitter, como a Coca-Cola, a General Motors ou a American Express, ao mesmo tempo, algumas das celebridades de Hollywood encerraram as suas contas na rede social do pássaro azul.

Elon Musk defendeu que esta era uma medida necessária, devido aos elevados prejuízos acumulados. Só no último ano, o Twitter registou prejuízos de 219 milhões de dólares e, actualmente, estava a perder cerca de 3,9 milhões de dólares por dia.

Jack Dorsey, o fundador do Twitter, veio pedir desculpa aos trabalhadores e assumiu a sua responsabilidade pelos despedimentos, dizendo que fez a empresa “crescer de uma forma muito rápida”.

Apesar das explicações e lamentações, Elon Musk acabou por dar um passo atrás no início desta semana, pedindo a vários dos funcionários que tinham sido dispensados que regressassem à empresa, justificando que muitos deles foram “despedidos por engano” e que são essenciais para o bom funcionamento do Twitter.

Mas ao que parece os despedimentos nas empresas tecnológicas já estavam a acontecer, ainda que de uma forma mais silenciosa, de acordo com a consultora Crunchbase, este sector já despediu cerca de 50 mil pessoas, desde o início do ano, e a tendência irá intensificar-se nas próximas semanas.

Atendendo a que trabalham cerca de seis milhões de pessoas a tempo inteiro em empresas tecnológicas norte-americanas, a consultora admite que, até ao final de Dezembro, o número total de despedimentos poderá ultrapassar 1% da força laboral. Números mais recentes admitem que esta onda de layoffs no sector tecnológico poderá chegar a mais de 100 mil pessoas em empresas com a sua origem em Silicon Valley.

Em Junho deste ano, Mark Zuckerberg disse, numa reunião com funcionários da Meta, que “há uma série de pessoas nesta empresa que não deveriam cá estar”, admitindo que estava disponível para dispensar colaboradores. Esta semana, esse número caiu com estrondo, está previsto que cerca de 11 mil funcionários de um total de 87 mil que tem a empresa sejam dispensados em todo o mundo.

Alguns analistas justificam estes despedimentos com o excesso de contratações que foram feitas durante a pandemia para assegurar uma expansão agressiva dos negócios online. Os confinamentos levaram a que muita gente adotasse soluções digitais para continuar a sua vida, o que foi visto pelas tecnológicas como um momento importante para fazer crescer os seus negócios.

A Snap Inc, empresa que gere o Snapchat, por exemplo, praticamente duplicou o número de funcionário, durante os confinamentos de 2020 e 2021, a empresa passou de 3 427 funcionários a tempo inteiro para 6 446. Actualmente, tem cerca de 347 milhões de utilizadores diários e não consegue gerar receitas que lhe permitam ter lucros. Desde que entrou na bolsa, em 2017, apenas fechou um ano com as contas positivas. Ao longo deste ano, as suas ações já desceram quase 80% na bolsa de Nova Iorque. A solução para tentar sair desta crise passa agora por dispensar 20% dos seus funcionários até ao final deste ano.

E outras empresas de menor dimensão mas igualmente relevantes seguem esta tendência, e de fora não estão as chamadas fintech, tecnológicas do sector financeiro, não têm escapado a esta onda. A Better, especialista em crédito hipotecário, viu-se obrigada a despedir quase cinco mil funcionários entre Abril e Maio e a Stripe, empresa de pagamentos online, anunciou no passado dia 3 de Novembro que quer cortar 14% do seu pessoal.

A Intel, que conheceu um crescimento de vendas com a grande procura de computadores durante os confinamentos, enfrenta agora uma paragem deste mercado e, segundo a Bloomberg, está a pensar em cortar 20% da sua folha de pagamentos.

A Amazon tinha uma estratégia de contratar cerca de dez mil pessoas até ao final do ano. Recentemente congelou esse plano, noticiou o New York Times, citando um documento interno. Já em Maio tinha sido a vez da Netflix, o fornecedor de televisão por streaming, que fez cortes de pessoal na área do marketing.

E até a Microsoft falou em “ajustamento estrutural” quando na verdade despediu cerca de mil pessoas este ano.

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