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A consultora Eurasia considerou que as eleições municipais em Angola, previstas para 2023, deverão ser adiadas para permitir ao Governo capitalizar os resultados das medidas de apoio previstas no Orçamento para 2023.
“As autoridades deverão provavelmente adiar as eleições municipais para 2024, pelo menos, depois de estarem previstas para 2023, para dar tempo às medidas para produzirem resultados”, escrevem os analistas numa nota sobre o Orçamento Geral do Estado para 2023.
Na nota, a que Lusa teve acesso, a Eurasia diz que “no seguimento de uma magra vitória nas eleições de 2022, a proposta do partido no poder aponta para um redireccionamento da despesa pública para a área social, mantendo, ao mesmo tempo, a disciplina orçamental”.
Em particular, salienta a agência o aumento de 30% na despesa pública no sector da Agricultura, encarada como a principal área em que Angola deve apostar para diversificar a sua economia.
“Isto reflete a visão do Governo de que melhorar a produtividade no sector é essencial para aumentar o crescimento económico e garantir o apoio dos eleitores”, escrevem os analistas, ligando o adiamento das eleições municipais com a necessidade de dar tempo para os angolanos sentirem a melhoria das condições de vida decorrente das novas prioridades do Orçamento para 2023.
“No seguimento da mais magra vitória do MPLA em quase 50 anos de poder, em Agosto, as autoridades estão a procurar aumentar a despesa em serviços sociais para aumentar o apoio popular nas vésperas das eleições municipais; dado o aumento no número e na frequência das greves do setor público, incluindo o sector judicial, médicos, enfermeiros e professores, os responsáveis do MPLA estão também a tentar aumentar a despesa pública para evitar uma agitação social potencialmente perturbadora”, acrescenta-se na análise da Eurasia.
Os analistas, de resto, consideram que as eleições vão ser novamente adiadas para 2024, pelo menos, e lembram que “a legislação que fixa a data das eleições ainda não foi aprovada”, além de salientarem também que “ainda é preciso implementar a legislação que criou as províncias de Moxico e Cuando Cubango”, ou seja, a proposta da nova divisão político administrativa do país.