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Aeroporto Internacional “Dr. António Agostinho Neto” recebe primeiro voo e prepara certificação

O novo Aeroporto Internacional de Luanda é uma infra-estrutura com uma longa história, começou em 2004, e milhões de dólares gastos ao longo de quase duas décadas. Entretanto, foram dados passos decisivos para a sua conclusão, e é possível que o novo Aeroporto Internacional “Dr. António Agostinho Neto”, entre em funcionamento no primeiro semestre de 2023.

A história do novo aeroporto começou em 2004, pouco tempo depois de ter sido assinada a paz que viria a perdurar até aos dias de hoje. Mas em 2014 temos que, e em despacho presidencial assinado pelo presidente na altura, José Eduardo dos Santos, o ministro das Finanças era autorizado a mobilizar 1560 milhões de dólares da Reserva Financeira Estratégica Petrolífera para Infra-Estruturas de Base, a que se acrescentava o financiamento de fundos chineses.

No projecto estava o CIF (China International Fundo Limited) de má memória, como a entidade responsável pela construção da infra-estrutura e também como financiador de um ambicioso projecto na comuna do Bom Jesus, a cerca de 40 quilómetros de Luanda, no município de Ícolo e Bengo, que se concretizaria no “maior aeroporto em África”, mas que na realidade se transformou num enorme elefante branco, o termo normalmente usado para obras megalómanas que tardam em ver a sua conclusão.

Em 2015, era então ministro dos Transportes Manuel Augusto Tomás e supostamente a infra-estrutura estava acima dos 70% da sua execução. O presidente José Eduardo dos Santos, acompanhado do vice-presidente Manuel Vicente, visitava as obras e o Jornal de Angola escrevia: “o Presidente da República foi ver de perto como andam as obras do novo aeroporto de Luanda. Com a humildade que lhe é característica, o Chefe de Estado ouviu, atentamente, os ministros dos Transportes e da Construção, Augusto Tomás e Waldemar Pires, sobre o estado actual do futuro aeroporto”.

Nessa altura, podia ler-se na imprensa angolana que “a conclusão da empreitada, que está contratada a uma empresa da China, está marcada para 2017”, ano de eleições. Não aconteceu. E a empresa chinesa responsável por parte do financiamento e construção do novo aeroporto, o CIF, foi apanhada nas malhas da corrupção, aparentemente sem quaisquer consequências, para além da denúncia das suas falcatruas financeiras.

Chegados a 2022, de novo a ano de eleições, o novo aeroporto recebeu o nome do presidente que precedeu José Eduardo dos Santos no poder e ficou a promessa de ser uma realidade operacional no próximo ano.

O actual ministro dos Transportes, Ricardo Viegas de Abreu, aposta, naturalmente, na nova infra-estrutura e a esse propósito disse hoje, 17 de Junho, ao discursar no acto complementar ao primeiro voo experimental: “E temo-la do ponto de vista do ordenamento urbano, do ponto de vista da empregabilidade, do ponto de vista das acessibilidades e da mobilidade sustentável, das oportunidades de investimento especializado não só no domínio aeronáutico, mas também no industrial, comercial, turístico e logístico, para facilitarmos as nossas exportações de bens e serviços para o continente africano e para o mundo”,

E prosseguiu, “podemos inclusive aqui forjar a nova geração de técnicos e de profissionais angolanos, seja na especialidade aeronáutica seja noutras especialidades e funções, dotados de conhecimento e de competências, para que com satisfação acrescida possamos brilhar perante África e o mundo”.

O Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto tem já terminada a pista sul, que dispõe de quatro mil metros por 60 de largura, e onde foi realizado o primeiro voo experimental.

O Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto uma tem capacidade para 15 milhões de passageiros/ano, um volume de mercadorias de 50 mil toneladas/ano e ocupando uma área de 1.324 hectares.

A infra-estrutura possui, também, duas pistas duplas e está dimensionado para receber aeronaves do tipo B747 e A380 – actualmente o maior avião comercial, além de contempla a construção de raiz de uma cidade aeroportuária que cobrirá uma área de construção de 75km2.

Testemunharam o acto, o ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação, Manuel Homem, Interior, Eugénio Laborinho, governadora da província de Luanda, Ana Paula de Carvalho, viúva do primeiro Presidente de Angola, Maria Eugénia Neto, entre outros membros do Executivo.

Maria Eugénia Neto visivelmente agradecida pela homenagem prestada ao marido e primeiro presidente de Angola acrescentou que o novo aeroporto “é uma vitória do povo angolano”.

Há contas que apontam para um custo total do novo aeroporto de 6,4 mil milhões de dólares, ao longo de quase duas décadas. Naturalmente, só pode ser uma vitória do povo angolano, que o pagou.

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