Economia

Activistas cívicos acreditam que 2021 será um ano amargo para as famílias angolanas

Os jovens activistas justificam a perspectiva negativa para o país com a falta de crescimento económico, bem como a má distribuição das despesas constantes no Orçamento Geral do Estado para 2021.

Por exemplo, o rapper e activista Nelson Adelino Dembo, mais conhecido por Gangsta, moderador do Programa 360.º graus, que tem sido transmitido nas plataformas digitais da Camunda News, é um dos que acreditam que 2021 será um ano de muito sofrimento para os angolanos, e lamenta o facto de o país continuar a negligenciar, em termos de distribuição de despesas no OGE, o sistema de saúde.

“Vai ser um ano pesado, vai ser pesado por causa do próprio Orçamento Geral do Estado e depois ligado a conjuntura económica e financeira do país, temos uma moeda que vai depreciando cada vez mais, temos uma conjuntura económica em que o país depende muito de importação e o país não tem produção, automaticamente não existe emprego…. As famílias estão muito pobres, estado pobres porque o Estado ainda continua a ser o principal gestor da própria economia, assim é impossível, é preciso que o Estado deixe o liberalismo económico dentro de uma comunidade económica forte privada, é preciso que o Estado fiscalize… O ano de 2021 será muito penoso para nós…Fazendo uma análise profunda sobre o que é o OGE 2021, olhando para a saúde e olhando para a agricultura os números são muito baixos por isso acho que vai ser mesmo penoso”.

Também falando à Camunda News, Dito Dalí, que tem sido um dos principais rostos das manifestações em Luanda, e que entre 2015e 2016 foi detido e condenado por alegada preparação de “golpe de Estado” no conhecido caso 15+2, considera que o Executivo de João Lourenço já não tem soluções para os problemas que o país atravessa, e que face à ausência de indicadores de crescimento, não há dúvida de que os angolanos hão de sofrer imenso. Entretanto, Dito Dalí pretende organizar, ao longo deste ano, duas manifestações de rua por mês, uma em cada duas semanas.

“Acho que o executivo não tem soluções para o país e a situação continuará difícil, porque não há indicadores de que haverá alguma melhoria, não houve investimentos estrangeiros em Angola, não houve também a nível do próprio OGE que foi aprovado, não traz alguma receita que possa mitigar os problemas os problemas sociais, por tanto, isso não resolverá os problemas que nós enfrentamos, e isso vai aumentar os níveis de contestação, nó vamos continuar a nos bater ( esse ano será desafiador para nós) no sentido de se criar políticas serias e funcionais para a redução do custo de vida, porque a situação não está boa.”…” Esse ano a nossa reivindicação é mais política do que exigir por exemplo a criação de emprego ou a redução do custo de vida porque são consequência de uma doença grave que se chama MPLA…Nós queremos que um outro partido vença as eleições, porque só essa rotatividade é que fará com que Angola tenha um ritmo melhor… Então nos estamos a nos preparar e eu estimo que que esse ano pelo menos consigamos meter um milhão de pessoas na rua, só em Luanda trem que ter de 100 a 300 mil pessoas, nós queremos fazer é uma semana sim e outra não”.

Isidro Fortunato, também activista, partilha da mesma opinião de que o ano de 2021 será o agravamento de tudo que se registou em 2020, e antevê que as manifestações poderão ser mais intensas em relação ao ano anterior, porque na sua óptica, há um número considerável de jovens que não se revê nas políticas actuais. À semelhança de Dito Dalí, diz acreditar que o partido no poder, o MPLA, não está em condições de resolver os problemas do povo.

“O ano de 2021 tende a se agravar porque aquilo que se iniciou é um conjunto de processos, há um despertar e há uma pressão muito forte por parte da sociedade civil, houve em 2020 todo um conjunto de condicionamentos que levou com que as pessoas de uma forma directa ou indirecta se despertassem para a realidade social e política do país…. 2021 vai surgir como um ano onde se vai agravar as convulsões sociais, um ano onde haverá mais revoltas e manifestações, e já há uma expressão forte naquilo que é o OGE, mais de 50% do OGE está a ser alocados para o pagamento de dividas internas e externas…Nota-se que o que vai existir em 2021 é o agravamento da situação que começou em 2020, em 2021 prevê-se um ano cujo esforços indicadores apontam que haverá grandes subversões e apontam para um agravamento daquilo que é vida social das vidas das populações…O que levará grande parte das pessoas a se transformar em fortes grupos de pressão política para ver se te muda isso em 2022 que é o ano das eleições.

Importa referir que os últimos meses do ano passado o país foram palco de diferentes protestos realizados por membros da sociedade civil, que se queixam do elevado custo de vida, e exigiram, tal como exigem hoje, a realização de eleições autárquicas, bem como o afastamento de Edeltrudes Costa do Gabinete do Presidente da República, pelo alegado facto de haver fortes indícios de que tenha cometido os crimes de tráfico de influência, recebimento de vantagens, corrupção entre outros.

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