Cultura

A anunciada violência acabou por se concretizar no funeral de Negrelha, apesar do forte dispositivo da Polícia Nacional

O lançamento do gás lacrimogéneo provocou uma debandada e desmaios, com várias pessoas caídas no chão.

Ao longo do cortejo, ouviam-se jovens a chorarem e a gritarem “filho de Zedu”, uma referência ao ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos. Muitos empunhavam vários cartazes e houve quem gritasse “‘Nagrelha’ Presidente, João Lourenço chefe de Estado”, descreve a agência Lusa.

Na mesma notícia temos que logo pela manhã havia ainda centenas de pessoas no Estádio da Cidadela, onde decorreram as homenagens, e de onde saiu um cortejo a pé, em candongueiros e com milhares de motoqueiros em direção ao cemitério de Santa Ana.

Gelson Caio Mendes, “Nagrelha”, o kudurista do Sambizanga, ainda que enaltecido por estes dias por inúmeros sectores, incluindo a polícia nacional, foi sempre alguém que manteve ligações profundas ao “gueto” ou “underdogs”, acabou por ser enterrado no Cemitério de Santa Ana num momento que não deixou de ser marcado pela violência, tanto das forças policiais como das centenas de fãs que tentaram assistir ao funeral do “estado-maior” do Kuduro.

Uma onda de violência percorreu a cidade mesmo antes de se chegar ao cemitério, de Luanda, com uma vaga de assaltos por toda a cidade.

Ao longo do percurso, milhares de pessoas foram acompanhando o cortejo fúnebre e já no cemitério os agentes da PN, que ali estavam em grande número, foram obrigados a usar gás lacrimogéneo para dispersar a multidão que ameaçava forçar a entrada no espaço onde o corpo desceu à terra.

A PN colocou nas imediações do Cemitério da Santa Ana unidades especiais para controlar os ímpetos dos milhares de fãs de Nagrelha – os números dos efectivos policiais andam entre os 800 (Lusa) e os 1.500 (TPA Notícias).

Polícia Nacional colocou mais de mil agentes na rua para garantir a segurança da comunidade neste dia que começou sob a ameaça do mundo do crime de que iria ter lugar uma carga de assaltos para honrar a o homem que em vida foi a referência maior e promete continuar a sê-lo depois de morto, porque as suas músicas e a sua actividade social e cultural permanecem para a posteridade, escreve o Novo Jornal.

Entretanto, o Jornal de Angola escreve que “o corpo do kudurista Gelson Caio Mendes “Nagrelha” já repousa, neste momento, no Cemitério da Santa Ana, em Luanda. Milhares de fãs e colegas acompanharam o último adeus ao também conhecido “Estado Maior do Kuduro”, sem qualquer referência aos actos violentos que se espalharam pela capital.

Mas para o MPLA – partido em cujos comícios o artista participava com regularidade – ‘Nagrelha’ notabilizou-se como um dos mais carismáticos integrantes do grupo musical ‘Os Lambas’, responsável pela introdução de um novo paradigma no estilo musical kuduro, marcado por composições com apreciável rima e elevada capacidade criativa, que catapultaram o grupo ao patamar dos melhores no estilo em referência.

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