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Papa Bento XVI, que se tornou o primeiro pontífice em 600 anos a renunciar ao papado, morre aos 95 anos

Bento XVI fazia uma cerimónia de rotina, “extremamente banal” na opinião dos presentes, incluindo jornalistas, e na presença dos cardeais do Vaticano, quando, no dia 11 de Fevereiro de 2013, pronunciou, em latim, que tinha tomada “uma decisão de grande importância para a vida da Igreja”. .”

O teólogo de cabelos brancos, nascido na Alemanha, então com 85 anos, disse ter “examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus” e ter concluído que o mundo moderno, “sujeito a tantas mudanças rápidas e abalado por questões de profunda relevância para a vida de fé “, exigia um papa em melhor condição física e intelectual. ” As minhas forças, devido à idade avançada, não são mais as adequadas” disse então o Papa.

As suas palavras escaparam a muitos presentes na reunião que não entendiam latim. Olhares confusos foram trocados até que o significado das palavras de Bento XVI fosse inteligível para todos. Para Angelo Sodano, reitor dos cardeais, as palavras de Bento foram como “um raio num céu azul claro”. Um jornalista presente na sala começou a chorar.

E esse homem que surpreendeu tudo e todos, um teólogo e um evidente ‘doutor da igreja’, morreu hoje, dia 31 de Dezembro no Mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano.

O funeral de Bento XVI está marcado para 5 de Janeiro às 9h30, hora de Roma (a mesma de Luanda), na Praça de São Pedro, presidido pelo Papa Francisco. O seu corpo será colocado na Basílica de São Pedro a partir de 2 de Janeiro para que as pessoas possam “prestar as suas homenagens”, anunciou o Vaticano.

A a primeira renúncia de um líder espiritual da Igreja Católica em quase 600 anos cristalizaria todo o peso da crise que então assolava a maior denominação cristã do mundo. Um gigante intelectual e uma rocha de certeza moral, que passou a vida inteira defendendo a fé de forças externas, Bento XVI acabaria por ver o seu mandato como papa desfeito em grande parte por uma podridão interna do Vaticano.

Documentos que passaram para os exterior através de um ex-mordomo do Vaticano, abriram a pesada cortina que protegia a Cúria Romana dos olhares dos media e dos fiéis. A burocracia da Santa Sé foi acusada de corrupção e conivências várias julgando-se protegida pelos muros do Vaticano.

O banco do Vaticano enfrentou críticas crescentes por operações opacas, levando instituições financeiras estrangeiras a suspender temporariamente as transações de crédito com o mais pequeno Estado do mundo, bem no centro da cidade eterna, Roma.

“Podemos revelar o rosto da igreja e como esse rosto é, às vezes, desfigurado”, diria Bento XVI na sua última homilia como papa.

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