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Tome nota deste nome: Rede Girassol

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“Começou por ser Ginga, metamorfoseou-se em Girassol. Estava para nascer antes das eleições gerais de setembro, mas só agora, perto do Natal, está a emergir. No site, redegirassol.com tem um avatar batizado de Weza, que na linguagem quimbundo significa ‘aquela que veio, que voltou'”, escreve o Jornal de Negócios, em Portugal.

Ainda de acordo com a mesma publicação, “o novo grupo de comunicação social, denominado Rede Girassol, o qual se apresenta como um projeto multiplataforma, vai estrear a sua televisão na plataforma Zap, no dia 19 deste mês, e para atrair os espectadores anuncia que irá transmitir os principais jogos do Campeonato do Mundo de futebol que arranca dia 20 no Qatar. A rádio já está no ar e é igualmente prometido um site noticioso”.

Este projecto que tem vindo a ser falado há meses, senão mesmo há um par de anos, já teve diversos avanços e recuos, e está ligado ao MPLA, diz ainda o jornal, que acrescenta que o projecto “revela que as tentações por controlar a comunicação social, por parte do partido no poder, são permanentes”.

“O projeto começou por se chamar Ginga.com – Comunicação, Mutimédia e Telecomunicações, como o Negócios noticiou a 6 de Setembro de 2021, mas, à semelhança da Weza, “veio e voltou” para a ribalta com um nome diferente, Girassol”, escreve ainda o ‘Negócios’.

“Pese embora a mudança de aparência, a essência é a mesma”, prossegue Celso Filipe, e continua: “A Rede Girassol tem à sua frente Hélder Barber, ex-presidente da Televisão Popular de Angola (TPA) e Pedro Cabral, actual presidente da Rádio Nacional de Angola (RNA), que segundo o Correio Angolense se terá entretanto desligado do projecto”.

O ‘ideólogo’ deste projecto, é, e de acordo com a publicação portuguesa, Rui Falcão, o secretário do bureau político do MPLA para a Informação e Propaganda e porta-voz durante eleitoral, e insere-se num “projecto integrado de comunicação” localizado no Camama (distrito do município de Talatona) um complexo construído pelos portugueses da Martifer por 19,3 milhões de euros e que teve concepção e assessoria de especialistas brasileiros. Mas em certos sectores corre que o projecto foi estimulado pelo próprio Presidente da República, João Lourenço, diz ainda o jornal português.

“Apesar do elevado montante do investimento, a sociedade Ginga.com, à data da sua constituição, 29 de janeiro de 2019, tinha apenas um capital de quatro milhões de kwanzas, pouco mais de cinco mil euros”, pode ler-se no mesmo artigo.

“Os resultados eleitorais de Setembro, com uma vitória apertada do MPLA, mostraram as lacunas do partido em matéria de comunicação. A imprensa controlada pelo Estado só convenceu os eleitores que já iam votar no MPLA, e este partido foi completamente cilindrado nas redes sociais pela UNITA, como o demonstra a pesada derrota na província de Luanda, a mais urbana de todas”, prossegue Celso Filipe, num artigo com o título: “A Ginga tem um nome novo mas a essência é a mesma”.

E a essência passa também pelo facto de a rede Girassol se apresentar, no seu site, como “um hub de comunicação que nasceu da vontade de angolanos de fazer mais por Angola” e “uma central de produção e distribuição de conteúdos” que deseja “ser referência em África, como a principal organização de comunicação privada de Angola” , cita ainda o jornal, que acrescenta, por fim, “apesar desta ambição, a rede Girassol omite a identidade dos líderes do projecto, informação tida como essencial por interlocutores e investidores”.

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