Acordo de Alvor foi há 47 anos
Ao abrigo do referido acordo, os três MLN, nomeadamente a FNLA, UNITA e MPLA comprometeram-se a disputar eleições gerais antes da data da independência.
O acordo, que seria de esperança e felicidade para o povo angolano, cedo deu lugar às frustrações devido à guerra civil que viria a esventrar com contundência o tecido humano, económico e social do país. Embora o acordo tivesse previsto a realização de eleições gerais, o facto é que apenas um dos três MLN estaria, naquela altura, interessado na realização das mesmas, ao contrário dos demais que já se digladiavam no teatro da guerra.
À data da assinatura, o MPLA e a FNLA já travavam escaramuças, sobretudo em Luanda pelo controlo da capital do país pela via «manu militari». A UNITA só viria a juntar-se mais tarde à guerra, depois de ter sido expulsa de Luanda.
No entanto, em alguns meios políticos crê-se que o Acordo de Alvor terá sido uma fachada no sentido de dar uma certa esperança à FNLA e UNITA, uma vez que a entrega do poder ao MPLA tinha sido previamente negociada em Argel, de forma secreta, entre elementos influentes do Movimento das Forças Armadas (MFA), de Portugal, e a facção de Agostinho Neto, afecta ao MPLA.
Não deixa de ser surpreendente a forma como a facção Neto, visivelmente fragilizada do ponto de vista militar, ganhou meteoricamente um ascendente, depois das dissidências no seio desse MLN que se fragmentou em três, tendo Daniel Chipenda, da Revolta Leste, ficado com o grosso dos militares. Convém lembrar que meses depois, Chipenda viria a coligar-se às forças da FNLA para combater a ala afecta a Agostinho Neto.
Em vésperas da proclamação nacional já estavam no teatro da guerra angolana vários exércitos ou forças estrangeiras trazidos por cada um dos três MLN.
Como resultado da guerra civil que assolava o país, de norte a sul, do mar ao leste, e independência viria a ser proclamada em três locais distintos, de acordo com a balcanização que se assistiu naquela altura.