Economia

Governo tem de investir mais em ciência e tecnologia, está abaixo do objectivo africano de 1% do PIB

“Estudo sobre a Inovação e Empreendedorismo em Angola”, realizado entre 2020 e 2022, é um documento que foi hoje, 23 de Junho, apresentado em Luanda, que também considera que o sistema de inovação do país “ainda se encontra numa fase embrionária”.

Para “remediar” o baixo orçamento à investigação e desenvolvimento, “o Governo angolano fez um investimento de 100 milhões de dólares em Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI) ao longo de cinco anos, parcialmente financiado por um empréstimo do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD)”.

“No entanto, é necessário muito mais. Por conseguinte, o Governo deveria aumentar o orçamento atribuído à investigação e desenvolvimento para cumprir o objectivo africano de 1% do PIB para investigação e desenvolvimento”, lê-se no relatório.

O aumento do orçamento ao sector “promoverá a criação de uma massa crítica de investigação suficiente para apoiar as prioridades” e também “no sentido dos objectivos de Desenvolvimento Sustentável”.

O estudo foi elaborado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD, na sigla em inglês) em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em Angola, e com Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação angolano.

De acordo com a pesquisa, o Governo angolano “está a fazer esforços” para elevar a capacidade científica do Sistema Nacional de Inovação (SNI), mas “deveria aumentar o financiamento à ciência em geral para evitar ficar atrás do desempenho global, além de melhorar a sua estrutura organizacional no ensino superior”.

O ministério “deve centrar o desenvolvimento científico em áreas prioritárias para o desenvolvimento sustentável e a diversificação económica. Isto sugere maiores esforços para aumentar a engenharia e a capacidade tecnológica do país”, refere-se no estudo.

Uma vez que as capacidades científicas “estão a emergir em certas áreas”, observa-se, “faz sentido fazer corresponder estas com as prioridades de fabrico”.

Ao mesmo tempo, adianta-se, “a liberdade científica e a investigação independente são fundamentais para o avanço da ciência e poderiam ajudar a encontrar novas vias para o desenvolvimento de atividades prioritárias também”.

A pesquisa refere que a maioria dos empresários em Angola são informais e muitos que aspiram a sê-lo “precisam de melhorar as suas competências” e a formação em empreendedorismo é o principal mecanismo para lidar com este desafio.

Apesar de uma atitude local confiante em relação ao empreendedorismo, “ainda está por se desenvolver uma cultura empresarial. O SNI e os empresários angolanos são prejudicados não só pelas limitações de recursos humanos nos segmentos dos investidores e dos empresários”.

“Mas, também, pela qualidade geral da mão-de-obra licenciada e profissional”, sublinha-se.

O estudo destaca a criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Ciência, Investigação e Tecnologia (Fundecit) em Julho 2021, cujo mandato consiste em financiar projectos científicos e tecnológicos a partir de fontes orçamentais e extraorçamentais e avaliar e acreditar as instituições dedicadas à investigação científica e tecnológica.

O Fundecit “pode contribuir significativamente” para o avanço de projectos da ciência, tecnologia e inovação em Angola, no entanto, assinala o estudo, o acesso ao financiamento “continua a ser um dos aspetos mais desafiantes do ecossistema empresarial em Angola”.

“A maioria das empresas não dispõe de departamentos de investigação e desenvolvimento e engenharia e quase não existe financiamento do sector privado para a ciência, tecnologia e inovação”, refere-se na análise.

O estudo foi apresentado hoje pelo economista da UNCTAD Clovis Freire, durante um encontro de apresentação das iniciativas da parceria estratégia entre o ministério e o PNUD entre 2020 e 2022.

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