Economia

Porque a democracia é importante para a economia, a sociedade civil no Brasil mobiliza-se contra um eventual regresso à ditadura

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Agora, em 2022, 45 anos depois, os brasileiros regressam à mesma faculdade para pedirem quase o mesmo e para a leitura de dois documentos inspirados na “Carta aos Brasileiros” de 1977. Os dois novos documentos defendem as instituições democráticas do país e o sistema de votação electrónica, que o presidente Jair Bolsonaro tem vindo a pôr em causa numa altura em que se candidata à reeleição.

Ainda que o nome de Bolsonaro não seja referido em nenhum dos documentos, para os analistas e para a opinião pública, é claro o seu destinatário.

Os analistas sublinham a preocupação dos brasileiros de que Bolsonaro possa seguir o exemplo de Donald Trump, que em 2021, rejeitou os resultados eleitorais, sendo que o Brasil não tem instituições tão sólidas como as norte-americanas, apesar de um poder judicial que sempre agiu com uma agenda própria.

“Corremos o risco de um golpe, a sociedade civil tem de se mobilizar e lutar contra essa possibilidade e garantir a democracia”, disse José Carlos Dias, o advogado que participou na redacção da carta de 1977.

A primeira das duas novas cartas, redigida por ex-alunos da Faculdade de Direito, conta com mais de 880 mil assinatura, desde o seu lançamento online, em 26 de Julho. E, entre eles, estão os músicos Caetano Veloso e Gilberto Gil, banqueiros, executivos e candidatos à presidência, como Lula da Silva, que, por estes dias, lidera as sondagens para as eleições de Outubro.

A segunda carta, foi publicada a 5 de Agosto nos jornais e tem recebido menos atenção do público, mas os analistas ouvidas pela Associated Press, adiantam que é um documento mais importantes, porque é endossado por associações de centenas de empresas do sector bancário, petrolífero, construção e transportes, normalmente avessas a assumir posições públicas em política.

“A democracia é importante para a economia”, disse à Associated Press Carlos Melo, professor de Ciência Política da Universidade Insper, de São Paulo, para justiticar porque é que sectores habitualmente neutros da sociedade brasileira decidem agora tomar uma posição, ameaçados por um retrocesso na democracia que é mau para os negócios.

Bolsonaro tem vindo, e desde que assumiu o cargo, a glorificar as três décadas de ditadura, e é manifestamente alguém que se sentiu próximo de Donald Trump e agora de Viktor Orban, o líder autocrático da Hungria, e do presidente russo Vladimir Putin, outro líder autocrático

Fonte: Associated Press (AP)

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