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A Refinaria de Cabinda poderá ter uma nova estrutura accionista, escreve o semanário económico Expansão, na sua última edição. Em causa, está o bloqueio à actividade dos bancos russos, o que pode levar a Gemcorp Capital LLP a renegociar a sua participação de 90% no capital da refinaria.
Estima-se que são necessários 200 milhões de dólares para arrancar com a fase 1 da refinaria, e mais 700 milhões para as fases 2 e 3.
No início deste mês de Maio, o Jornal de Angola dava conta que os equipamentos da Refinaria de Cabinda foram testados com sucesso, em Houston, nos Estados Unidos, nas instalações da VFuels, a empresa norte-americana responsável pela construção dos equipamentos para a refinaria. O acto de testagem do equipamento foi testemunhado pelo ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo.
Entretanto, há discretas negociações para que a Sonangol venha reforçar a sua posição, ou mesmo, e no limite, a assumir a liderança da refinaria, escreve o Expansão.
Ou seja, por mais que o Presidente da República diga que há um esforço para tirar o Estado (e a Sonangol) da economia, o Estado (e a Sonangol) teima em não sair da economia angolana.
A Sonangol deve mesmo avançar com os 50 milhões de dólares para pagar à VFuels – e não por acaso a representação angolana presente nos testes do equipamento, de um empreendimento em que o Estado, através da Sonangol, detém só 10%, foi ao mais alto nível. Dito de outro modo, a Sonangol prepara-se para pagar ao construtor norte-americano como se fosse, na prática, a detentora da refinaria.
No entanto, a Sonangol negou ao Expansão que o tenha feito, e assume a sua posição de parceira detentora de 10% da participação na refinaria de Cabinda.
Mas recorde-se que estamos em ano eleitoral e o Presidente da República e líder do MPLA já prometeu que a refinaria arrancará com a sua operação em breve, logo, não seria de admirar que a Sonangol avançasse com o pagamento, até para não deixar o Presidente da República “malvisto” aos olhos do povo e das promessas feitas.
E isso mesmo é dito na resposta da Sonangol ao jornal económico: “Todavia, sendo parte integrante da sua operacionalização, caso haja necessidade para o benefício do país de um aporte financeiro, naturalmente o fará, com as devidas alterações estatutárias para reflectir na estrutura de capital do projecto ou como suprimento à sociedade veículo do projecto, em condições reembolsáveis nos valores de mercado”, ou seja, sim, a Sonangol vai pagar pela Gemcorp, que além de estar ligada à elite financeira russa, tem o seu financiamento em bancos russos.
O semanário económico avançou ainda que há “conversas exploratórias” para um eventual financiamento junto de instituições financeiras angolanas para a Refinaria de Cabinda.
Temos então que o Presidente da República se colocou “numa saia justa”, porque prometeu que a Refinaria de Cabinda estaria operacional ainda este ano, e a última vez que o fez foi este fim-de-semana no Huambo, sendo que também prometeu que a Refinaria de Cabinda “não implicava quaisquer custos ou compromissos futuros a Angola”.