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Julgamento entra na fase de “Qualidade” após desinteligências entre arguidos

Julgamento entra na fase de “Qualidade” após desinteligências entre arguidos

Um dos aspectos marcantes desta primeira fase, em que foram ouvidos os 19 réus do processo, foi o nível de desinteligências e contradições que emergiram em pleno tribunal , entre oficiais superiores dos Serviços de Informação e Segurança do Estado.

Para o jurista Tomás Vieira Mário, foi um nível realmente assustador, sobretudo porque o director-geral do Serviços de Informação e Segurança do Estado, enquanto era interrogado, mostrou, ainda que dissimulado, um desconhecimento, quase total, dos factos mais importantes que constam dos autos, sobre o que ocorreu na sua direcção.

Vieira Mário nota que “isto nos dá uma imagem muito negativa de um Serviço tão estratégico como é este, o que, por sua vez, pode explicar alguma facilidade com que o negociador-chefe do grupo Privinvest, Jean Boustani, terá passeado a sua classe, subornando toda a gente e alcançando os seus intentos”.

Na sua opinião, na segunda fase deste julgamento, esperam-se mais informações de qualidade, nomeadamente, quando intervir o antigo Presidente da República, Armando Guebuza.

Para o professor universitário radicado na África do Sul, mas conhecedor da realidade moçambicana, Andre Thomassen, a primeira fase deste processo confirma o facto de que este julgamento não vai contribuir para se descobrir onde estão os mais de 700 milhões de euros, alegadamente, desviados no âmbito das dividas ocultas, porque “o tribunal está a ocupar-se apenas de pequenos desvios”.

“Enquanto não houver esse esclarecimento, também não pode haver normalidade na relação de Moçambique com o grande mundo financeiro, tanto é que o Fundo Monetário Internacional, acaba de rejeitar um pedido moçambicano para mais apoio financeiro”, refere aquele académico.

Entretanto, em relação ao anúncio feito pelo juiz de que não há indícios de que o ex-Presidente Guebuza e o actual Chefe de Estado, Filipe Nyusi, tenham recebido dinheiro das dívidas ocultas, Andre Thomassen diz que Efigénio Baptista “não é imparcial, porque fez tudo por tudo para impedir os réus de mencionarem os nomes daqueles que foram os autores deste crime”.

O caso das “dívidas ocultas” foi despoletado em 2015 quando o ministro das Finanças Adriano Maleiane admitiu, durante a reunião de Primavera em Washington, que 2, mil milhões de dólares de um projecto para a protecção da costa marítima de Moçambique não entraram nos cofres nem na contabilidade do Estado.

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