Angola prevê refinar no futuro quase 400 mil barris de petróleo bruto por dia com a construção das refinarias do Soyo e de Cabinda e com a requalificação da refinaria de Luanda, disse esta segunda-feira o Presidente João Lourenço.
O Presidente da República que discursava na abertura da 8.ª edição do Congresso e Exposição de Petróleo Africano (CAPE, na sigla inglesa), afirmou que a construção das refinarias, já em curso, visa tornar Angola “não só um país exportador de petróleo bruto, mas também de produtos refinados”.
Ao mesmo tempo, referiu João Lourenço, “o executivo decidiu pelo aumento da capacidade de armazenagem de combustíveis e lubrificantes, assim como da rede de postos de abastecimento em todo o país, contando com a iniciativa privada para o alcance deste objectivo”.
O chefe de Estado recordou as reformas no sector petrolífero, iniciadas em 2018, “para melhorar a sua governança, transparência e eliminar possíveis conflitos de interesse”, que culminaram com a criação de agências e vários órgãos para o setor.
A Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), com a função de concessionária nacional, o Instituto Regulador dos Derivados de Petróleo (IRDP) estão entre as instituições criadas.
“Desde 2016 que a produção petrolífera de Angola tem registado um declínio acentuado por diversas razões, com especial realce para a quase ausência de investimentos na exploração”, admitiu o Presidente João Lourenço.
Para inverter a tendência decrescente da produção, disse, o Executivo promoveu iniciativas para o relançamento da actividade de exploração petrolífera, a melhoria da eficiência operacional e a optimização de custos, assim como o fomento do conteúdo local.
“Transição Energética, Desafios e Oportunidades na Indústria Africana de Petróleo e Gás” é o lema desta CAPE VIII, que congrega em Luanda, os 15 membros da Organização Africana dos Países Produtores de Petróleo (APPO, na sigla inglesa) e mais cinco países observadores.
João Lourenço destacou o lema do congresso considerando que o mesmo “demonstra, mais uma vez, a forte intenção dos líderes africanos produtores de petróleo e gás em abordar e deliberar sobre os desafios e as oportunidades da transição energética” e “o futuro da indústria de petróleo e gás de África, face à COP 21 e à COP 26”.
A elaboração da estratégia de longo prazo da APPO e da realização do primeiro Fórum dos Presidentes dos Conselhos de Administração das Companhias Nacionais de Petróleo dos Países Membros da APPO foi também enaltecida pelo chefe de Estado.
Um estudo sobre o “Futuro da Indústria do Petróleo e Gás em África à Luz da Transição Energética” foi realizado pela APPO o que, para João Lourenço, “revela a existência de uma organização capaz de liderar as transformações da indústria petrolífera africana face à tremenda pressão de poderosos interesses externos para abandonar de forma precipitada os combustíveis fósseis”.
O estudo realizado pela organização “ilustra os desafios principais que os países africanos produtores de petróleo poderão enfrentar para continuarem a beneficiar dos seus recursos naturais à luz da transição energética global”, acrescentou.
“Refiro-me à probabilidade de mais de 125 biliões de barris de petróleo bruto e mais de 500 triliões de pés cúbicos de gás de reservas comprovadas ficarem para sempre inexploradas caso não nos mantenhamos unidos e capazes de defender nossos interesses enquanto continente”, disse o Presidente.
“A nossa realidade demonstra que uma parte significativa de pessoas no continente africano não tem acesso à eletricidade nem a nenhuma outra forma de energia moderna para uso doméstico, implicando assim a necessidade da criação do mercado africano capaz de absorver uma fatia maior do petróleo e gás que África produz”, apontou.
João Lourenço referiu que a médio/longo prazo “os combustíveis fósseis estão condenados a serem banidos definitivamente como uma das medidas para a proteção do ambiente e, consequentemente, do planeta”.
“Todos nós estamos obrigados a aderir à necessidade da transição energética para salvarmos o planeta terra, a nossa casa comum”, acrescentou, defendendo que essa transição deve “ser um processo gradual e responsável, que defenda o planeta sem que traga mais fome e miséria aos povos daqueles países que têm na exploração do petróleo e gás sua principal fonte de divisas”.
“Enquanto acontece o processo de transição energética, os nossos países devem acelerar a diversificação das suas economias e aproveitar ao máximo as receitas do petróleo para a industrialização do continente”, defendeu.
Os participantes a CAPE VIII presenciaram também hoje, na abertura do certame, que se estende até quinta-feira, a assinatura de um memorando entre a APPO e o Afreximbank para a criação de um fundo de energia dos países membros da organização.
Os objetivos do congresso foram apresentados pelo secretário-geral da APPO, Omar Farouk Ibrahim, e o pelo presidente da organização e ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás angolano, Diamantino Pedro Azevedo.