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O primeiro-ministro do Reino Unido Boris Johnson tem vindo a confrontar-se com uma série de reveses, se alguns são do domínio ético, como as suas festas regadas abundantemente a álcool durante a pandemia, esta semana, o revés é mesmo político, os conservadores sofreram perdas significativas nas eleições locais, que ocorreram nesta quinta-feira, com os resultados a serem anunciados hoje.
Em causa estavam mais de 200 conselhos locais, ainda que se trate de eleições autárquicas, e aos eleitos cabe tratar do lixo ou de tapar os buracos das estradas, a leitura política nacional é evidente, o Partido Conservador perde votos. É também, por isso, um barómetro do que poderá acontecer nas eleições nacionais, que vão ter lugar em 2024.
O principal partido da oposição, o Partido Trabalhista, que está afastado do poder desde 2010, ganhou o controle de Wandsworth, Barnet e Westminister, três distritos londrinos que estavam nas mãos dos conservadores.
O partido de Johnson perdeu também votos para os democratas-liberais no sul de Inglaterra, onde muito eleitores da classe média se opõem ao Brexit e estão incomodados com as alegações de má conduta sexual que envolvem diversos “tories” com cargos relevantes no parlamento e no governo, o primeiro-ministro e as seus ´partygates” incluídos.
Boris Johnson já admitiu que “tivemos uma noite difícil em algumas partes do país”, no entanto, optou por olhar para o outro lado, para “outras partes do país onde os conservadores continuam a avançar e a obter ganhos notáveis, conquistando lugares que não eram, ou nunca foram, dos conservadores há bastante tempo”.
A verdade, e de acordo com os resultados, além de Londres, os trabalhistas não obtiveram resultados retumbantes noutros lugares do país, denunciando a sua incapacidade para alargarem o espectro eleitoral junto da classe trabalhadora do norte de Inglaterra.
A coordenadora da campanha eleitoral dos trabalhistas, Shabana Mahmood, optou por reforçar a ideia de que estas eleições mostram que o partido está “a construir uma base sólida para recuperar o poder após quatro derrotas sucessivas nas eleições nacionais”.
Na mesma linha segue o líder dos trabalhistas, Keir Starmer, que afirmou que estas eleições foram “um ponto de viragem para nós”.
Recorde-se que em 2019, o Partido Trabalhista, liderado por Jeremy Corbyn, sofreu uma das mais pesadas derrotas eleitorais da sua história de mais de 80 anos.
Boris Johnson, que derrotou os trabalhistas na altura, tem vindo a enfrentar inúmeros problemas que ilude com a sua personalidade carismática, mas o descontentamento é extensivo ao seu próprio partido, poderá haver a tentação de substituir a liderança do partido por alguém menos manchado politicamente.
No entanto, e para derrotar os trabalhistas, os conservadores ainda apostam em Boris Johnson.