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O Presidente João Lourenço lembrou na sua mais recente conferência de imprensa a 12 orgãos de comunicação social angolanos que a prioridade do seu segundo mandato, se o ganhar, é acudir à devastadora situação nas províncias do sul do país, sendo que na altura ninguém perguntou ao Presidente da República porque é que não fez mais no seu primeiro mandato, em que começou por desmentir, em entrevista à RTP, a televisão pública portuguesa, que havia fome em Angola, optou por falar em “má nutrição”, para mais tarde assumir, e depois de uma viagem ao Cunene, que efectivamente havia fome nas províncias do sul, mais fustigadas pela seca e outros desequilíbrios climáticos e socio-económicos.
“A situação está cada vez pior, Angola está a perder o combate de luta contra a fome. O sul de Angola continua a ser assolado pela seca e fome”, disse Oséias Manuel Caxinde, professor e representante do Fórum Regional para o Desenvolvimento Universitário (FORDU), à RFI (Radio France Internationale).
“Quase toda as comunidades estão empobrecidas por causa da seca, que já matou mais de 6.000 cabeças de gado”, acrescentou Oséias Caxinde.
No mês de Fevereiro, “cinco pessoas morreram à fome no município do Virei, na zona do Kavelocamué, na província do Namibe”, disse o académico.
Angola aceitou fazer parte da Agenda 2030, constituída por 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Uma agenda alargada que aborda várias dimensões do desenvolvimento sustentável (sócio, económico, ambiental) e que promove a paz, a justiça e instituições eficazes, cujo primeiro objectivo é erradicar a fome.
Mas “a situação está cada vez pior, significa que Angola está a perder este combate da fome e vai ser derrotada”, explica o activista.
O estudo da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, e do Programa Mundial de Alimentos, PMA, aponta que a guerra na Ucrânia agravou o aumento dos preços de alimentos e energia, pedindo uma acção humanitária urgente para salvar vidas e meios de subsistência e prevenir a fome em 20 áreas onde a necessidade deve aumentar até Setembro.
Três países de língua portuguesa: Angola, Cabo Verde e Moçambique estão na lista de nações sob risco de insegurança alimentar.