Economia

Produção de petróleo em Angola em declínio há 7 anos

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Numa altura em que os designados países ocidentais, que se confundem com democracias liberais, procuram fontes alternativas de fornecimento aos hidrocarbonetos da Rússia, o que é que Angola tem para oferecer, quando se percebe que o país atingiu o seu pico de produção petrolífera em 2008 e desde 2015, a uma média anual de 1,993 milhões de barris de petróleo por dia, tem vindo sempre a decrescer, sendo que em 2016, por exemplo, cerca de 50% da produção petrolífera angolana tinha como destino a China.

Ainda que possamos abrir aqui um parêntesis para a pandemia da Covid-19 e para o controlo das quotas de produção impostas pelo “cartel” petrolífero da Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP), liderada pela Arábia Saudita, à qual se juntou a Rússia e outros países, na chamada OPEP+, e da qual Angola faz parte. Mas nem este parêntesis, digamos assim, altera ou explica uma tendência de anos, mesmo reconhecendo que muito do que estava planeado para 2020 e 2021, até em investimento, foi adiado.

A par da volatilidade dos preços do petróleo, que, nos últimos dois anos, foi, grosso modo, dos 30 aos 130 dólares por barril, o declínio da produção angolana traduz-se, naturalmente, num declínio das exportações e de receitas para o Estado, bem como uma diminuição de investimento no sector, tendo tudo isto com um impacto significativo da economia angolana, que dependente significativamente das receitas petrolíferas, acima dos 90%.

Independentemente de todos os factores ou razões atendíveis, temos que a produção de crude em Angola registou um decréscimo de 7% nos últimos sete anos, de acordo com o referido estudo da PetroAngola, com um volume de perdas globais equivalentes a 34,153 mil milhões de barris de petróleo por ano, o que perfaz 239,075 mil milhões de barris de petróleo entre 2015 e 2021, e que se traduz em 1,830 mil milhões de dólares por ano, relativamente a um preço médio de referência de 55,21 dólares por barril.

Em 2021, a quebra da produção atingiu os 12%, quando o país produziu 1,124 milhões de barris de petróleo por dia, e com isso registou a maior taxa de declínio dos últimos sete anos.

As causas da queda podem ser explicadas através de vários factores que contribuíram de forma negativa para a produção petrolífera, como a falta de licitações regulares de blocos petrolíferos, de incentivos e mecanismo para exploração adicional, do não desenvolvimento dos campos marginais, da falta de investimento na exploração ou das paragens não programas e ineficiência dos equipamentos.

Entretanto, a pandemia da Covid-19 provocou a falta de técnicos especializados, a sua maioria expatriados, e isso também se fez sentir na capacidade de produção do crude em Angola.

A previsão de produção para os próximos quatro anos, de 2022 a 2026, não reverte esta tendência, ainda assim, e no mais optimista dos cenários, a taxa de declínio andará pelos 3%, no mais pessimista, a taxa de declínio pode chegar aos 10%, com repercurssões nas reservas, também em queda, a uma média anual de 2.46%, passando de 7,6128 biliões em 2022 para 6,932 biliões em 2026.

O estudo da PetroAngola apresenta algumas soluções para mitigar o declínio da produção nacional de crude, como acelerar o desenvolvimento dos campos marginais, revisão da política fiscal para tornar a indústria mais competitiva e atractiva para o investimento, atrair pequenas e médias empresas para o sector petrolífero nacional, implementação de um programa de manutenção preventiva de modo a salvaguardar a integridade das instalações, reavaliar os métodos de recuperação e revitalizar de campos maduros, aumentar a capacidade da Sonangol na actividade de exploração e produção do país ou aumentar a participação das empresas nacionais na actividade petrolífera, o chamado conteúdo local, tido como essencial pelos especialistas do sector.

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