Muitos partidos e poucas soluções na Guiné-Bissau
Há quase três décadas, desde a abertura do multipartidarismo na Guiné-Bissau, foram legalizados perto de meia centena de partidos políticos para uma população de menos de dois milhões de habitantes.
Das seis eleições legislativas já disputadas no país, desde 1994, só o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, PAIGC, e o Partido da Renovação Social, P.R.S, sabem o que é ganhar uma eleição.
Na passada sexta-feira, 08 de outubro, foi legalizado, o Partido Africano para a Paz e Estabilidade Social (PAPES), o mais novo de todos os partidos, numa altura em que o papel das formações tem sido questionado.
Rui Landim, analista político, defende que “O surgimento de vários partidos é a demonstração de vitalidade democrática do país ou é a banalização da vida política onde proliferam partidos por todo lado?”
Já o secretário Nacional para a Comunicação, do PAPES, Valdir da Silva, encontra uma razão para o surgimento de mais partidos na Guiné-Bissau.
“Se os partidos que existem não souberem dar respostas às necessidades do povo, obviamente que vão surgir mais partidos, que, com certeza, poderão dar respostas às exigências do povo”, referiu.
De referir que a Guiné-Bissau, tem estado mergulhada em várias crises políticas e sociais, como a que se vive actualmente, com a greve instalada há 10 meses, na função pública, sem uma resposta plausível para o problema.
Desta forma todos esses problemas inerentes, acima citado agregam outros problemas, crónicos, pelo facto de nenhum governo resultante de eleições ter completado os quatro anos de exercício, previstos na constituição guineense, em virtude de querelas político-partidárias. Porém, a presidente da Associação Juvenil para Defesa e Promoção dos Direitos Humanos, Mansata Silá, salienta que “mesmo tendo dois ou três ou mil partidos, os resultados desses partidos são os que devem ser medidos”, refutou.
“Nós temos mais partidos políticos, sem que haja um reflexo de acções desses partidos políticos, no que tem a ver com a representatividade dos cidadãos guineenses, quando o assunto é desenvolvimento da Guiné-Bissau”, completou.