Custo de vida em Luanda apresenta maior registo nos últimos quatro anos
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), revelam que a inflação na capital do País está fora do controlo. Em termos anuais, a classe alimentação e bebidas não alcoólicas subiu cerca de 33% lidera a subida dos preços seguidos da saúde com 25,8%.
De acordo com Jornal o Mercado, em termo mensais os preços em Luanda aumentaram 2,3%, elevando a taxa acumulada para 22,3% e a inflação anual para 30,2%, é necessário recuar até Junho de 2017 para encontrar um registo tão elevado, sendo a inflação mais alta da governação de João Lourenço.
Os dados do INE revelam que a inflação em Luanda está fora do controlo. O ritmo de aumento dos preços na capital do País descolou da nacional a partir de Dezembro de 2020.
A nível nacional os preços aceleraram 0,05 pontos percentuais (pp) ao registar um aumento de 2,2% em termos mensais, pois é preciso recuar até Setembro de 2018 para encontrar um registo tão elevado, a taxa acumulada foi de 19,4% e a anual registou um aumento de 26,6%.
A inflação média que serve de base as negociações sala- riais foi de 25,2%, um aumento de 0,2 pp em relação ao mês anterior.
Depois da Lunda-Norte com 2,4%, Luanda o principal centro de consumo no País registou maior aumento nos preços com 2,3%, segue-se o Zaire, o Huambo, ambas com 2,3% e Luanda-Sul com 2,2%.
Por sua vez, as províncias com menor variação nos preços foram: Cuanza-Sul, Cuanza- Norte, Bié, Moxico todas com 1,9% e Bengo com 2%. Das 12 classes que servem de base para o cálculo da inflação nacional, a classe alimentação e bebidas não alcoólicas com 2,6% foi a que registou o maior aumento de preços, destacam-se também o aumento dos preços na classe de
Mobiliário, equipamento doméstico e manutenção, com 2,1%, bens e serviços diversos com 2%, saúde e bebidas alcoólicas e tabaco com 1,9%.
Em termos anuais a classe alimentação e bebidas não alcoólicas com 33% também liderou a subida dos preços seguido da saúde com 25,8%. Desde 2019 que o salário dos angolanos não é reajustado o que reduz ainda mais o poder de compra das famílias, pode-se concluir que praticamente as pessoas só ganham para comer.
Especialistas defendem que a inflação em Angola deve-se à redução na oferta de bens e serviços, causadas pela fraca produção nacional agudizada com o fraco sistema logístico nacional, infra-estruturas de transporte, conservação, empacotamento, défice na distribuição da cadeia alimentar, mau estado das vias, elevado número de falências das empresas e dificuldade no acesso às divisas, custos que depois se reflectem no preço do produto final.
O economista Francisco Paulo apontou ainda que maior parte dos produtos chega por via dos portos, as empresas que gerem os terminais portuários cobram preços muito
elevados quando o contentor é desalfandegado.
“A questão da inflação em Angola não é monetária é um problema estrutural a política monetária em si não é suficiente para combater”, disse.
O também economista e director do Centro de Investigação Económica (Cinvestc) da Universidade Lusíada, Heitor Carvalho, refere que a falta de concorrência foi e continua a ser um importante factor inflacionista em Angola. Facto que considerou não estar ainda percebido pelo BNA, pelo Executivo, bem como pela generalidade dos analistas.
“Enquanto os negócios não se multiplicarem e concorrerem a pressão no sentido da alta de preços persistirá”, acrescentou.