Poder

DO SONHO DE UM CIDADÃO. – Amilton da Gama

Sonhei que estava passeando algures da cidade, no entanto, deparei – me com dois anciões sentados sob à sombra dos eucaliptos no bosque, discutiam sobre: “AS NOVAS LIDERANÇAS POLÍTICAS & QUE TIPO DE INDIVIDUALIDADES DEVEM TER JUNTOS DE SI”. Os “mais velhos” pareciam estar ultrapassados pelo tempo, felizmente não.

Tratava – se de duas “bibliotecas vivas”, de duas vozes experientes, para a minha admiração, antigos combatentes, um do partido da situação e o outro do maior partido da oposição (sinal de reconciliação). Com a permissão de ambos, juntei – me à eles para adquirir conhecimento, fruto da experiência que a vida lhes proporcionou. Para além da experiência, eram bastante eloquentes e conhecedores das teorias políticas modernas.

O “mais velho” Muxima, dando sequência ao debate ora interrompido por mim, dizia que para a nova República que se deseja construir, séria bom que tivéssemos líderes que servissem com sabedoria, sentido de missão, espírito de partilha e democrático, comprometidos com os valores da instituição que dirigem para o bem comum e não particular, ademais, diferente dos chefes, viciados, e que continuavam a cogitar que ainda estávamos no tempo em que uma única pessoa pensava o certo, cabendo aos outros a execução do seu pensamento, muitas vezes erróneo.

Contudo, defendia que “a primeira conjuntura que se faz da inteligência de um líder, resulta da observação dos homens que o cercam; quando são capazes e fiéis, sempre se pode reputá-lo sábio, porque soube reconhecê-lo competente e conservá-lo. Mas, quando não são assim, sempre se pode fazer mau juízo do líder, porque o primeiro erro por ele cometido reside nessa escolha” (N. Maquiavel).

Por sua vez, “o mais velho” Tchapalama – natural do município do Londuimbale – província do Huambo, depois do gole que havia dado no seu copo de “primeirinha” – um tipo de bebida de produção caseira – questionou: 1. Para se evitar que se faça o mau juízo do líder, como acima disseste, “QUE TIPO DE INDIVIDUALIDADES DEVEM TER JUNTOS DE SI”? Atentamente, respondeu o velho Muxima: meu amigo Tchapalama, “e porque são de três espécies as inteligências, uma que entende as coisas por si, a outra que discerne o que os outros entendem e a terceira que não entende nem por si e nem por intermédio dos outros, a primeira excelente, a segunda muito boa e a terceira inútil”, é dentre a primeira e a segunda opção que o novo líder deve escolher para junto de si”, mas para isso, é preciso que o líder conheça essa individualidade, portanto, existe um método que não falha, esse método diz o seguinte: o líder “quando vir a individualidade a pensar mais em si, e que em todas as suas ações procura o seu interesse próprio, pode – se concluir que esse jamais será um bom coadjuvante e nele nunca poderá confiar”.

No entanto, antes, o líder também tem que ser sábio porque se não for, se for do tipo de chefe dito acima, escolherá a terceira opção, pois, que, os chefes em muitos casos não nutrem simpatias pelos seus quadros, difama-os para posteriormente combate-los porque pensa que esses desejam retirar-lhe o lugar ou poder, optando por estar junto daqueles que apenas o bajulam, “os inúteis”.

Na verdade, o debate fluía com normalidade, parecia que estava a decorrer uma sessão de aula, como àquelas que eram ministradas no espaço público por Sócrates na Grécia antiga. Enfim, os “mais velhos” olharam para mim admirados pela atenção que eu lhes dispensava, sem mais perca de tempo, procuraram saber se eu pretendia fazer alguma pergunta, assim sendo, com a anuência de ambos questionei: 1. Uma vez que se fez menção aos bajuladores, “COMO ESSES DEVEM SER EVITADOS”? Lá, o “mais velho” Muxima, natural das Ingombotas, província de Luanda, sorridente, olhou para mim e disse: meu filho…

Related Articles

Back to top button