O parlamento nacional autorizou o envio de um contigente militar para Moçambique, no âmbito da Força em Estado de Alerta da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), para apoiar as autoridades daquele país no combate ao terrorismo, na província de Cabo Delgado.
O projecto de resolução da Assembleia Nacional autoriza o Presidente da República, João Lourenço, na qualidade de Comandante-Em-Chefe das Forças Armadas Angolanas, a enviar 20 assessores militares, no âmbito dos protocolos afins da SADC. Na ocasião, o ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Francisco Pereira Furtado, esclareceu que esta missão vem comprovar a capacidade de desenvolvimento das FAA, na materialização do seu adestramento que, em situações adversas e contextos diferentes, participaram em missões de paz e humanitária.
“O Governo da República de Angola decidiu participar neste esforço regional com uma componente da força, um total de 20 militares, composta por dois oficiais no mecanismo de coordenação regional, oito oficiais no Comando da Força, uma aeronave do tipo Ilyushin IL-76 de projecção estratégica, com a respectiva tripulação composta por 10 militares”, anunciou o ministro de Estado e chefe de Casa de Segurança do Presidente da República, o general Francisco Pereira Furtado.
Francisco Pereira Furtado adiantou ainda que a missão do contingente militar angolano, junto das forças da SADC, começa a 6 de Agosto, estando prevista a ida para Moçambique já nesta quinta-feira, 29 de Julho.
Entretanto, esta segunda-feira, dia 26 de Julho, chegaram a Moçambique cerca de 296 militares do países vizinho, o Botswana, também como parte integrante da força militar da SADC.
O Ruanda, que não faz parte da Comunidade, tem, desde meados deste mês, cerca de mil militares ruandeses em Moçambique. E a União Europeia também já aprovou o envio de uma missão militar para apoiar as tropas moçambicanas. A EUTM Moçambique, assim se chama a missão, será chefiada no terreno pelo brigadeiro-general do Exército português Nuno Lemos Pires
A missão angolana tem uma duração prevista de três meses e tem como objectivo apoiar Moçambique no combate aos actos de terrorismo, mediante a neutralização da ameaça e a restauração da segurança, visando um ambiente seguro.
O ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República esclareceu ainda que a comparticipação nesta missão envolve todos os Estados-membro da SADC e está orçada em cerca de 12 milhões dólares, sendo que Angola terá uma contribuição global de 1.174.307 dólares. “Deste montante, a nossa comparticipação imediata é de 575.500 dólares”, explicou o ministro.
Este fim-de-semana, o Presidente Filipe Nyusi falou ao país e confirmou que os ataques iniciados em 2017, já mataram cerca de duas mil pessoas e provocaram milhares de deslocados. Sobre as forças militares enviadas para Moçambique, Nyusi disse que nenhum país exigiu recompensa para participar no combate ao terrorismo na Província de Cabo Delgado.
O Chefe de Estado moçambicano reiterou, na sua comunicação à Nação, que o terrorismo é um fenómeno global e não pode ser combatido por um país de forma isolada. “Não existe razão para se recear a presença e a intervenção das forças da SADC, nem do Ruanda. Ninguém pediu uma recompensa a Moçambique por apoiar a salvar vidas dos moçambicanos”, afirmou o Presidente moçambicano.