João Lemos Esteves, professor de Direito e político do PSD
“A empresária angolana tem uma estratégia bem definida, racional, pensada com tempo, que ultrapassa largamente as fronteiras de Portugal, que o mesmo é dizer, Isabel dos Santos irá replicar a seu favor o método que havia sido usado para a prejudicar económica e socialmente”, lê-se no texto de João Lemos Esteves, para quem as provas que comprometem o Governo angolano e o governo português em posse de Isabel dos Santos não poderão ser postas em causa, porque advêm da “Black Cube”, o exponente máximo das empresas de inteligência à escala global.
“Com a Black Cube,” na perspectiva do político português, “não há brincadeiras: se estão à espera de deslegitimar a defesa de Isabel dos Santos com alegações de “fake news”, pensem duas, três, quatro e várias vezes”, porque com a Black Cube, agência composta por antigos e actuais operacionais do serviço de inteligência de Israel, o Mossad, não há erros. Sobre o referido grupo de inteligência, dado a sua elevada capacidade de acção, há uma narrativa segundo a qual que se “Deus não sabe, a Black Cube sabe”.
Entretanto, tendo em conta a nova contratação de Isabel dos Santos, prevê-se que a filha do antigo presidente José Eduardo dos Santos pretende provar que os arrestos de seus bens não resultaram de evidências de ter havido favorecimento no período em que seu progenitor era o chefe de Estado angolano ou de evidências criminais, mas que resultaram da vontade do actual presidente angolano em reduzir a sua capacidade financeira, visando evitar oposição interna, como a mesma fez saber numa entrevista que concedeu à RTP.
Importa referir que desde a ascensão do presidente João Lourenço, alguns descendentes do antigo presidente José Eduardo dos Santos estão às contas com a justiça, sendo que o caso de Isabel dos Santos transcende à geografia angolana.
Além de ver arrestadas suas participações em Angola, como na Unitel, bancos BFA e BIC, na Zap, Luandina e entre outros activos, Isabel dos Santos acabou por perder a Efacec, que foi nacionalizada pelo governo português, além de outros activos em território luso.
O Tribunal Supremo das Ilhas Virgens Britânicas também decidiu para que Isabel dos Santos perdesse o controlo da empresa Vidatel, com a qual a empresária detinha 25% na Unitel.