O religioso falava no âmbito da segunda conferência sobre a Insegurança Alimentar e Nutricional, que está a ser hoje, segunda-feira, 23 de Agosto no Auditório Cónego Manuel das Neves, em Luanda, a fim de analisar as causas e os efeitos do referido fenómeno, bem como articular sinergias e soluções dos mais variados actores implicados nos respectivos fenómenos.
“No quadro do direito humano e alimentação adequada apelamos ao estado angolano para várias coisas, uma delas é que naquelas áreas onde se verifica a seca e a fome, declarar o estado de calamidade ou de emergência, isto para permitir que de facto, as agências humanitárias, especializadas no mapeamento, tratamento e abordagem dessas calamidades pudessem ajudar a entrar oficialmente no interior e pudessem com os seus meios prestar socorro as populações”. Apelou o líder religioso, Padre Pio.
Padre Pio, em entrevista exclusiva à Camunda News, apelou de igual modo ao governo, para que ache formas de entregar cestas básicas mensalmente para as populações do Sul do país que têm estado a sofrer com o fenómeno da seca e fome.
“Deveria o governo angolano definir uma cesta básica alimentar que deve-se chegar de forma regular pelo menos mensalmente, isto até Fevereiro à Abril do próximo ano quando as pessoas estivessem já a consumir os primeiros frutos do campo” acrescentou ele.
O prelado católico, apontou também para as questões da segurança e defesa das minorias, que para o padre, a constituição da república “é omissão com relação as minorias”, no entanto, defende que a Assembleia Nacional e outros órgãos competentes do executivo angolano procure resoluções de modo a solucionar este problema que tem se agravado todos os dias.
“A nossa Constituição é omissa em relação as minorias, infelizmente, então que haja resoluções da parte da Assembleia Nacional por exemplo, que visem a protecção da minoria” defendeu ele
O defensor dos direitos humanos afirmou ainda que este problema é mais profundo do que parece e que o governo provincial das respectivas províncias afectadas não conseguirão combater sem que haja a intervenção de todos os outros apontando a criação de alguns mecanismos para a subsistência e sobrevivência das populações das comunidades do sul do país, de modo que elas possam se orientar de forma independente.
“O problema é tão complexo que desde 2011, 2012 está apertar, as consequências são tão profundas que não há nenhum actor, nem o governo sozinho consegue abordar a complexidade do problema”.
Pio Wakussanga salientou ainda que a politica do desenvolvimento sustentável, sobretudo no que diz respeito a erradicação da fome está comprometido considerando ser impossível erradicar a fome.
“O número dois os objectivos de desenvolvimento sustentável está comprometido, que é o de erradicar a fome, não chegaremos até lá, até erradicar a fome, será impossível. Não se vai erradicar a fome porque daqui a pouco termina o processo de desenvolvimento”.
De referir que a conferência segunda conferência sobre a Insegurança Alimentar e Nutricional realizada na manhã de hoje teve a cargo da Plataforma Sul em parceria com outras organizações da da Sociedade Civil como a MBAKITA, OMUNGA e outras.
Estas associações filantrópicas não governamentais que com os olhos postos na incidência da recorrente seca no Sul de Angola, e com a consciência do acelerado agravamento do problema da fome aguda que agora atinge igualmente os centros urbanos, as Organizações da Sociedade e com participação de parceiros e convidados, com realce para os membros das comunidades, deliberam, em comum acordo, a referida Conferência, os seguintes objectivos de Reflectir na estiagem prolongada e na fome generalizada à luz do Direito Internacional à Alimentação Adequada; Analisar as consequências concretas da prolongada estiagem e suas consequências para o tecido humano, para os animais e para o meio ambiente em todo o Centro e sul de Angola; Olhar para o potencial das nossas comunidades em termos de disponibilidade de recursos aquíferos, terras férteis, sementes, plantas e tubérculos que minimizem rapidamente a fome; Olhar igualmente para a necessidade de se apelar para a aplicação de tecnologias de baixo custo e de energias renováveis (energia solar, humana e bioenergia) que concorram para a maximização da produção familiar alimentar; Reforçar os mecanismos de advocacia e lobby para o reforço de sinergias e parcerias entre actores a vários níveis e reflectir na necessidade da protecção dos grupos vulneráveis, especialmente das minorias, em função dos impactos das alterações climáticas.